Os resultados eleitorais do PS nestas eleições nacionais penalizaram fortemente Sócrates. O que aliás seria expectável se considerarmos que tem sido assim com os governantes que estão no poder na altura de crises violentas como a que estamos a viver. Não há pois novidade aqui. Não deve porém este resultado ser extrapolado com seriedade para outras eleições. Primeiro porque seria passar um atestado de incompetência aos eleitores que provaram já saber fazer a destrinça entre eleições. Depois porque esta confusão não corresponde à realidade. Em 2002 as eleições legislativas nacionais foram ganhas pelo PSD, que formou governo com o CDS/PP, na dupla Durão Barroso/Paulo Portas. Dois anos depois, em 2004 o PS/Açores ganhou com maioria absoluta as eleições legislativas nos Açores. Passando a ter no parlamento regional 31 dos 52 deputados então eleitos. Significa isto que, tal como agora, as eleições são distintas e aquilo que está em causa em cada uma delas também o é. Querer confundir os eleitores é altamente censurável. O PSD/A fez campanha nos Açores para as legislativas nacionais garantindo que esta eleição não era para Carlos César, era só lá para fora. E agora, apurados os resultados, vem dizer que afinal é tudo a mesma coisa, e que este resultado pode ser extrapolado para as eleições regionais do próximo ano. Já se percebeu o caminho. O de promover o contágio entre as duas eleições, agora que o resultado é favorável. Ignorando que os eleitores tem o discernimento para saber o que está em causa em cada uma das eleições. E a capacidade de avaliar o que os circunda. Os eleitores sabem o que são os Açores hoje, e sabem quem é capaz de os defender sempre, independentemente de quem esteja no governo do país. Os açorianos sabem que o desenvolvimento dos Açores é significativo e que é um bem inestimável e, sobretudo, não é negociável.