O PSD de Berta Cabral e Passos Coelho devem ter sido atacados por um frenesim como não há memória nas últimas décadas.
Pela república, a onda é abater tudo quanto mexe e retirar tudo quanto se possa aos trabalhadores em geral e aos funcionários públicos em particular. Após juras sagradas de não atacar os subsídios de férias e de natal, com a maior desfaçatez deste mundo, procede-se ao corte e à retirada de uma parcela importante daquele essencial rendimento das famílias. Jurado o não aumento do IVA – imposto cego e injusto – a agora anunciado é fazer crescer aquele tributo a níveis que se tornam incomportáveis, para a maioria dos cidadãos. Em consequência do aumento do custo de bens e serviços essenciais, são colocados em risco milhares de postos de trabalho em diversas áreas do comércio, da indústria e dos serviços, com especial relevância nos já frágeis sectores do turismo e da restauração.
Por cá, o PSD de Berta Cabral, mais preocupado em defender o governo de Passos Coelho e fazer propaganda eleitoralista com vista às eleições regionais de 2012, põe os Açores e a Autonomia na gaveta e age despudoradamente com laivos de indisfarçável subserviência ao centralismo laranja de Lisboa.
Veja-se a posição de Berta Cabral em relação à RTP Açores. Por nove milhões de euros, a serem orçamentados pelo governo central, para o minguado funcionamento daquela estação televisiva, a líder laranja dá-se por satisfeita por ver – eventualmente – garantidos os postos de trabalho, aceitando de mão beijada a redução da emissão regional para um postigo de quatro horas que abre caminho à extinção do canal regional. Para o equilíbrio das contas do canal açoriano, Berta Cabral advoga que seja a Região a suportar o orçamento da RTP Açores… Tirar dinheiro aos Açores e aos açorianos para dar aos companheiros de Lisboa é a solução encontrada por Berta Cabral! Comentários, para quê?
Agora, perante uma situação de incumprimento por parte do governo laranja de Lisboa, que ameaça deixar os trabalhadores das Casas do Povo sem salário, mais uma vez o PSD de Berta Cabral vem com uma solução mágica e milagrosa: - Paguem os açorianos, através do governo regional, os salários dos trabalhadores que são da responsabilidade do governo de Passos Coelho.
Por este andar, qualquer dia o PSD Açores vai exigir ao governo regional o pagamento do salário dos polícias e dos militares, a construção da Cadeia da S. Miguel que, com o actual elenco de Lisboa certamente ficará em águas de bacalhau, ou o financiamento da justiça e da nossa universidade…
Em três décadas de autonomia, nunca se assistiu a um ataque tão feroz aos Açores por parte de um governo de Portugal, nem nunca se observou a uma tão grande cobertura, por parte de um partido político, a medidas que são indisfarçadamente lesivas dos legítimos interesses dos Açores e dos açorianos.
Gostaríamos de ver o PSD de Berta Cabral a influenciar o governo de Passos Coelho no sentido de tomar boas decisões em prol dos Açores e do regime autonómico, aliás, como bem soube fazer Carlos César, enquanto líder da oposição, quando em 1995 António Guterres passou a chefiar o governo da república.
Ao contrário de Berta Cabral, que se limita a dizer ámen a Lisboa, com inequívoco prejuízo para os Açores, Carlos César sempre soube, e sabe, colocar os interesses dos açorianos, da região e da autonomia acima de quaisquer interesses partidários ou eleitoralistas.
Mesmo correndo o risco de usar uma frase há muito batida, não resisto em afirmar que este PSD de Berta Cabral e Passos Coelho é o verdadeiro exemplo de um Robin dos Bosques, ao contrário, que que tira aos pequenos para dar aos grandes!