Opinião

O que queremos?

Bem sei que ainda estamos longe das próximas eleições legislativas regionais. Mas como queremos uma sociedade interventiva, influente, reflexiva, exercitando convictamente os seus direitos e deveres de cidadania, anunciado que está o candidato do PS e a candidata do PSD à Presidência do Governo, podemos já começar a pensar no que os une e no que os separa. Desde logo, deparamos com uma dificuldade: o que os une? É muito mais fácil falar do que os separa - quase tudo. Eu resumo deste modo: o candidato do Partido Socialista representa o futuro, a candidata do Partido Social Democrata representa o passado. Aprofundando um pouco mais esta ideia, direi que o futuro só é possível com o património que o Partido Socialista traz do passado, do projecto que Carlos César iniciou em 1996 e que se pautou pela defesa intransigente dos Açores em todas as situações e circunstâncias, independentemente de quem governava na República. Foi um projecto de desenvolvimento, de evolução, de solidez das finanças públicas, até mesmo quando as finanças do Estado e da Região Autónoma da Madeira ruíram. Vasco Cordeiro fez parte desse projecto e assume a sua comparticipação - orgulhosamente, como todos nós. Mas como o tempo atrai a mudança e a mudança atrai novos rumos, Vasco Cordeiro vai afirmar-se com criatividade e com inovação, sabendo ele, porque teve um excelente Mestre, que na política há sempre que criar, inovar, adaptar as decisões às novas realidades que entram pelas nossas vidas adentro sem pedir licença. Representa uma geração talentosa e já deu muitas provas das suas capacidades. É uma das pessoas que nos fazem acreditar que o exercício da política é nobre, é honrado, é sério, é feito de muito trabalho e dedicação à causa e à coisa pública. É alguém que sabe e tem a humildade de assumir que não é infalível; mas quando não fizer bem, irá corrigir e fazer melhor. Vai seguir uma estratégia de aperfeiçoamento - um objectivo que está ausente da candidatura da sua adversária. Vasco Cordeiro tem o seu imenso potencial colocado ao serviço dos Açores e ao serviço - cito-o - "desse instrumento fabuloso que é a Autonomia". A sua adversária também fala de Autonomia e de finanças públicas. Mas quando esteve no governo deixou as finanças em muito mau estado e quanto à Autonomia, é demasiado obediente ao seu partido em Lisboa para inspirar confiança. As provas são várias e serão analisadas noutro artigo, porque não cabem aqui. O que é que as açorianas e os açorianos querem de Vasco Cordeiro? A defesa do que é nosso, o exercício do direito à nossa diferença, a sua idoneidade e a sua inteligência para procurar as melhores soluções para os Açores numa conjuntura nacional e internacional adversa, as melhores respostas para o desemprego e para as necessidades actuais dos jovens, das famílias, dos idosos, das pequenas e médias empresas, do nosso frágil tecido económico e social. As açorianas e os açorianos querem um homem de têmpera, uma pessoa competente e corajosa para enfrentar desafios e alguém de confiança a quem possam entregar os destinos desta Região sem a preocupação de (n)os ver subordinados aos interesses centralistas dos governos que vão desbaratando a identidade do nosso país. É ou não o que queremos?