Como as coisas mudam. A posição do PSD sobre o serviço público de rádio e televisão nos Açores deu uma reviravolta da noite para o dia.
Mal os seus companheiros se instalarem em S. Bento já aqui nos Açores se retocava uma outra visão mais consentânea com os novos donos do poder.
Compreende-se que dá muito jeito agradar a gregos e a troianos, mas no fundo esta cambalhota política só serve para revelar uma inexplicável mansidão perante a fúria privatizadora do ministro Relvas.
As confrangedoras declarações de Miguel Relvas numa comissão parlamentar, referindo-se ao serviço público de rádio e televisão das regiões autónomas, denotam um desconhecimento total do que são regiões arquipelágicas e o que por cá se passa.
Ainda recentemente, mais concretamente em Fevereiro de 2011, o PSD apresentou na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores um projecto de resolução em que afirmava e recomendava que o serviço público é uma responsabilidade do estado e por ele deve ser assegurado com as prerrogativas de autonomia financeira, administrativa e editorial.
Agora a solução, no entendimento do PSD, passa pela privatização de parte da RTP-Açores, enquanto a outra parte ficaria nas mãos da Região Autónoma dos Açores e da República. É, na verdade, uma completa inflexão.
Entretanto enquanto se discute o futuro, o ministro deu início a um processo de liquidação da RTP-Açores, por asfixia, transformando-a numa simples “janela”, com apenas 4 horas de emissão própria.
Está na altura de deitar para trás das costas subserviências partidárias e colocar de uma vez por todas os Açores em primeiro lugar.