2012, certamente ficará marcado na vida dos portugueses como sendo um dos períodos das maiores dificuldades, jamais vividas pelas famílias e pelas empresas.
Os cidadãos compreendem e, contrariados, aceitam que face à conjuntura internacional e nacional há que fazer alguns sacrifícios de modo a permitir a recuperação da economia e contribuir para que Portugal possa ter um melhor desempenho a favor de uma sociedade mais rica, próspera e justa.
Tristemente, começa-se a verificar que muitos dos atores políticos que combateram as ações do governo de José Sócrates e o derrubaram, sejam os primeiros, em proveito próprio, a permitir o usufruto de benesses e rendimentos que são uma afronta a quem trabalha honestamente e aufere um salário que apenas lhe permite sobreviver ou viver com um mínimo de dignidade.
Veja-se o que se passa com o não corte de benefícios salariais no Banco de Portugal, nomeadamente subsídio de férias e de Natal ou as escandalosas reformas milionárias que contemplam ex-gestores e ex-detentores de altos cargos naquela instituição que se limitaram a exercer funções por períodos insignificantes de tempo comparativamente com que tiveram de trabalhar 40 ou 50 anos e , no final da vida, vêm os parcos rendimentos serem injustamente reduzidos.
As leis devem servir os homens e não os homens servir as leis. Daí considerarmos a urgência de uma revisão do modo como se estão a exigir sacrifícios aos portugueses. Todos têm de abdicar individualmente por forma a contribuir para a resolução dos problemas coletivos, respeitando um critério marcado pela justiça, pela equidade e pela defesa dos menos protegidos da sociedade.
Os ricos e poderosos conseguem sempre dar a volta por cima e arranjar esquemas conducentes a uma fuga aos sacrifícios. Se aqui não está a dar… muda-se para a Holanda… se os lucros diminuem… não se paga aos fornecedores, ou despendem-se os trabalhadores!
Se os cortes nos rendimentos os e aumentos de impostos não forem suficientes… faça-se como alegadamente defendeu a ex-líder do PSD, corte-se nas mais elementares despesas da saúde. Mesmo pondo em risco a vida dos cidadãos, o Estado pode deixar de assegurar o pagamento do tratamento por hemodialise aos cidadãos com idade igual ou superior a 70 anos. Isto significa que quem tiver 70 ou mais anos, seja hemodialisado e ainda tenha o azar de ser pobre, apenas lhe resta o caminho da morte à míngua… Por mais esforço que possamos fazer, não conseguimos crer que tal tese possa ter sido defendida por uma velhinha, aparentemente com mais de setenta, que foi detentora de altas responsabilidades a nível da República, em governos laranja.
Respondendo a uma questão sobre o direito de pessoas com mais de 70 anos à hemodiálise gratuita através do Serviço Nacional de Saúde, Manuela Ferreira Leite disse, na segunda-feira à noite no canal de televisão SIC, que um doente “tem sempre direito se pagar”.
Segundo a imprensa nacional, a Associação Portuguesa de Insuficientes Renais (APIR) exigiu que ex-presidente do PSD, apresentasse um pedido de desculpas por ter sugerido que os doentes com mais de 70 anos devem pagar os tratamentos de hemodiálise. Segundo a APIR, há dez mil doentes em hemodiálise, cuja idade média é 68 anos. Segundo aquela Associação, "A doença renal atinge mais as pessoas com baixos e médios rendimentos. Não vemos milionários a fazer diálise".
Face ao repúdio gerado na sociedade, Manuela Ferreira Leite considera que a polémica parte de uma "interpretação desonesta". Para a antiga ministra das Finanças, as críticas são um "ataque pessoal" e não passam de "manobras políticas baixas".
Como a senhora já foi Ministra das Finanças, poderá certamente ter também tido em consideração os euros que tal decisão pouparia aos cofres de estado. Face ao cancelamento, por óbito, das pensões atribuídas aos anciãos falecidos por falta de assistência, sempre eram mais uns milhões que permaneceriam nos cofres do Estado. Se a moda pegasse, tal critério poderia ser extensivo a outras enfermidades crónicas e a poupança seria imensurável. Poder-se-iam encerrar os serviços de geriatria, de cuidados continuados, de apoio ao domicílio, os lares e os centros de dia e ainda despedir milhares de médicos, enfermeiros, cuidadores, auxiliares, etc… etc… etc…!
Este é o velho PSD que para ganhar votos apregoa a justiça social e quando está no poder… é aquilo que se vê!