O debate sobre o preço das tarifas aéreas tem estado presente nos Açores. Frequentemente, levantado pelo próprio Governo Regional, que continua à espera, desde Agosto, que o Governo da República se digne a nomear um interlocutor para analisar as obrigações de serviço público, que estabelecem estas tarifas.
Mas é, também, frequente um outro debate sobre este tema, mais partidário, mais interesseiro e, portanto, menos esclarecedor para os açorianos, que ficam com uma visão deturpada da realidade dos factos.
Por isso nada melhor do que os factos para se poder aferir da evolução das tarifas aéreas praticadas pela SATA, deixando bem claro que é o Governo Regional, como facilmente se percebe, o primeiro a querer que os preços das viagens sejam mais baratos. Mas há matérias sobre as quais não tem qualquer intervenção, caso das taxas decombustível, definidas pelo Instituto Nacional de Aviação Civil.
Mas vamos aos factos, com exemplos concretos, para se perceber qual a evolução feita nesta matéria. Uma viagem entre São Miguel e Santa Maria para residentes custa 68 euros. A preços constantes, em 1996, custava 133 euros. Ou seja, houve uma redução de preço de 48,7 por cento.
Outro exemplo bem demonstrativo do caminho percorrido ao nível das tarifas. Um micaelense para ir ao Faial paga, hoje, 124 euros. Também a preços constantes de 1996, teria de pagar 210 euros para a mesma viagem, mais cerca de 41 por cento.
Agora vamos às ligações a Lisboa. Se tivesse sido seguida a mesma política de tarifas em vigor até 1996, um açoriano pagaria hoje 312,83 euros para se deslocar a Lisboa. As reduções introduzidas desde então fizeram que, agora, pague 199 euros. Estamos a falar de menos 113 euros ou de uma diminuição de 36,4 por cento.
Já quanto às taxas, área que o Governo Regional não intervém, os factos são os seguintes: Em 1996, um açoriano pagava 10,98 euros de taxas. Hoje paga cerca de 90 euros, sendo a grande fatia atribuída à taxa de combustível.
Ou seja, em 1996, mesmo com taxas muito mais reduzidas, as tarifas eram altas nos Açores. Agora, mesmo com taxas muito altas, as tarifas são muito mais baixas do que em 1996.
Face a esta constatação custa a crer como é que, quem no passado não tinha qualquer solução para baixar tarifas e que achava uma inevitabilidade histórica e geográfica os Açores estarem fechados ao mundo, agora tem soluções mágicas para esta matéria.
Levou-se meses e meses sem nunca se perceber qual era a solução que apresentariam. Até que, na última semana, fez-se luz. Em Bruxelas, em clima deexcursão social-democrata, lá se anunciou que se queria um programa POSEI para os transportes.
Rapidamente se percebeu que, afinal, era um plágio de um memorando das RUP já assinado, em 2010, também pelo Governo Regional do PS.
Passamos, assim, de políticos sem soluções em 1996 para os mesmos políticos “copy & paste” em 2012. A cópia, como é normal, é muito pior do que o original.
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