Os políticos genéricos são como os especialistas em generalidades, muito dados aos “sound bites”, passando a vida a lançar ideias avulsas, cuja única intenção é iludir o cidadão cansado e farto, afastado dos meios políticos, das tendências de fuga do real de que vive a maior parte deste tipo de políticos.
Porém, os tempos de maiores dificuldades são propícios a isso. Ao invés de facilitar a vida ao já gasto cidadão, os políticos genéricos são pródigos em encontrar soluções fáceis, que se preparam nos copos como os sumos tang, mas que depois acabam por fazer mal à “saúde”.
O político assim ouve nas notícias, por exemplo, que há falta de emprego, que as taxas de desemprego estão a aumentar, entre jovens e menos jovens, que empresas fecham, que famílias sofrem e qual é a primeira coisa que se lembra?
Agenda uma visita, enche uma sala de gente, crianças, jovens ou idosos, tanto faz, desde que tenha gente e lança uma, duas, três medidas para aquecer o coração dos que sofrem.
Há falta de emprego? Então nós vamos apoiar a contratação de jovens com apoios comunitários!
Esquecem-se, porque não sabem ou não querem mesmo saber, que a questão posta assim não passa de uma demagógica visão dos factos, de uma ilusão, de uma generalidade. De uma não solução.
É grave ignorar, por exemplo, que os programas comunitários são estanques e que a utilização que é feita do Fundo Social Europeu, entre nós, é a Formação Profissional de Jovens, de desempregados e de fomento de Estágios, ou seja, a preparação dos jovens para o mundo do trabalho.
É grave não saber que o apoio às empresas encontra-se limitado por uma regra comunitária – chamada “regra de minimis”, segundo a qual o somatório dos apoios públicos (comunitários e não comunitários) está muito limitado.
E sendo grave é necessário que o comum dos cidadãos saiba que esse fantasma de dar dinheiro para criar postos de trabalho já é muito antigo, mas nunca acabou bem, que em nenhum sítio da Europa, sabe-se, (inclusivamente nos Açores) com nenhum Governo (inclusive do PS) nenhum desses programas, por mais exigente que fosse (como foi o ESTABILIZAR) permitiu aumentar o nível de emprego nas empresas.
Normalmente os programas de apoio à contratação financiaram empresas que acabaram por não criar postos de trabalho ou que só o criaram durante o tempo do apoio.
Programas como o PROFORME (dos Governos do PSD) e o ESTABILIZAR (dos Governos do PS) apresentaram incumprimentos de mais de 70%.
Por outro lado, programas de preparação dos jovens para a vida activa tiveram na formação inicial e nos programas ESTAGIAR integrações superiores a 60%.
É pois errada a política genérica de querer diminuir os que têm sucesso para implementar os que não tem sucesso. A menos que querendo fazê-lo se pretenda prescindir de qualificar jovens e desempregados para fazer um programa de apoio à contratação que não tem resultados face ao dinheiro gasto.
O momento exige forte cautela na criação de medidas ou de estruturas que possam atrair mais problemas para os quais podemos não ter respostas.
E o pior que pode acontecer a esta Região é deixar-se cair nas mãos dos políticos genéricos que ou por mimetismo em relação ao nacional ou pela “necessidade eufórica” de aparecer a propor tudo e mais alguma coisa, nos coloquem em situações de efeito perfeitamente contrário.
A vida é real. Não é um sound bite. E as pessoas estão cansadas deste tipo de “tiradas”.