Opinião

O PIB dos Açores já não conta?

Era uma vez uma região da Europa que em 1996 era a mais pobre das sete regiões do seu país, com um PIB per capita de apenas 62% da média da União Europeia. Ao longo da década e meia seguinte, o governo dessa Região, insular, dispersa, pequena e distante dos seus mercados de referência, implementou um projeto de desenvolvimento que mereceu sucessivamente o apoio maioritário dos seus concidadãos. O mérito dessa governação pode ser medido em várias dimensões. Uma delas é a realidade transmitida pela informação estatística. Um ângulo de análise que devidamente contextualizado auxilia os governos a interpretar desafios, a desenhar boas políticas e também a avaliar os resultados da sua ação. Iluminando a presente narrativa com a luz da estatística constata-se um percurso notável dessa região, medido pelo crescimento sucessivo do PIB per capita. Da sétima mais pobre para a quarta mais rica, superando o Norte, o Centro e o Alentejo. Um percurso incontestado de convergência, quer com a média nacional, quer com a europeia. É por isso estranho que o valor mais recente do PIB per capita dos Açores, antes de ontem publicado pelo Eurostat, não tenha merecido o devido destaque na generalidade da imprensa regional. O valor publicado pelo serviço europeu de estatística coloca os Açores, pela primeira vez, com um PIB per capita superior aos 75% da média europeia. Este facto retira os Açores do clube das regiões pobres da Europa. Confirma o mérito do processo de desenvolvimento da Região. Reconhece o esforço e a determinação dos trabalhadores, das empresas e do governo açorianos. E mais importante, dá esperança às pessoas, o que é fundamental para enfrentarmos o período difícil que atravessamos. A imprensa dos Açores perdeu ontem uma oportunidade de fazer o que devia. Não escondeu a verdade mas não imprimiu a dimensão de otimismo e de geração de confiança que o facto impunha e que a circunstância exigia. O jornalismo por vezes tem destas coisas