Opinião

Perdoem-lhe que não sabe o que diz!

O transporte marítimo é, sempre foi, fundamental para as ligações interilhas e ao exterior. Contudo, a distribuição geográfica das ilhas e a dimensão dos respetivos mercados, com a inevitável componente da sazonalidade, tem particularidades que terão de ser, sempre, corretamente avaliadas. O atual modelo não é perfeito. Não há modelos perfeitos. Importa sem dúvida incrementar as trocas internas, sobretudo de produtos com implicação direta na redução das importações. Como tudo na vida, tal deve ser feito com peso e medida. Assim sendo, importa referir que a proposta da líder do PSD-Açores enferma de falta de conhecimentos técnicos e financeiros. Criticar o atual modelo de transportes marítimos e fazer propostas destas, estou em crer, não se tratar apenas de demagogia pura, mas também da mais absoluta ignorância. O modelo por ela proposto para além de ser, do ponto de vista comercial, inexequível – ninguém pode obrigar um operador a colocar a sua carga noutro operador – também não é, por falta de mercado interno, sustentável e é extremamente caro. Navios para cumprir os itinerários propostos - seriam necessários dois - custando mais de 200 milhões de euros, com custos de 25.000€/dia cada um, sem custos de capital. Só os custos de exploração ultrapassariam os 18 Milhões de euros/ano, aos quais há que somar os custos de capital: nem faturariam para pagar o combustível. Quem pagaria a fatura? Não quero com isto dizer – a campanha eleitoral não me tolda os princípios – que um serviço, passageiros e carga local rolante mais alguma carga baldeada rolante, seja impossível. Contudo, tal serviço só deve ser montado pelos operadores do “deep sea” os quais poderão e deverão usar este serviço como complemento às suas atuais escalas. Todas as opções a implementar no transporte marítimo embora reguladas, como é o caso dos Açores, devem responder às necessidades ditadas pelo mercado e não aos caprichos eleitoralistas irresponsáveis de uma qualquer lidar partidária que, além do mais, tem no seu curriculum, ter contribuído, decisivamente, para a falência da Região, na primeira metade da década de 90.