A agitação social no Continente vai-se avolumando a cada dia que passa, através de greves, manifestações de rua ou ações de protesto sempre que um governante se desloca pelo país.
Os médicos vestiram a bata branca e conseguiram a maior greve de sempre. Numa classe que costuma ser ponderada nestas ações e que não pode ser acusada de esquerdista, a atitude não pode ser desvalorizada pelo governo nem ser considerada como mais “um não assunto”.
Ainda no sector da saúde, a indignação dos enfermeiros é mais que justificada. Promover contratações a 3,96 euros por hora, é um insulto que nem lembra ao diabo.
Outro grupo que tem sido vítima do tsunami Nuno Crato, é o dos professores. Os cortes cegos e brutais no sector da educação terão consequências bem nefastas no futuro deste país. Só a miopia política ou a contabilidade de merceeiro justifica tais atitudes.
As alterações curriculares, o encerramento de cursos, os mega agrupamentos, o aumento do número de alunos por turma, são medidas que nada contribuem para a qualidade do ensino. Mas os objetivos imediatos do Ministério - cortar, cortar despesas – irão concretizar-se com redução de 25 mil horários. Com esta medida, vamos ter brevemente o maior despedimento coletivo da nossa história.
Se compararmos este procedimento com a política de educação nos Açores, constatamos uma linha de orientação oposta, uma política que investe na educação dos nossos jovens. Conforme anunciou a Secretária da Educação e Formação, Cláudia Cardoso, a redução do número de alunos por turma irá baixar, contribuindo assim para uma melhoria da aprendizagem. Esta medida implicará a contratação de mais 200 professores. Esta despesa está já prevista no Orçamento da região de 2012 e reflete uma escolha política que é de louvar.
Mas esta opção regional não altera a avalanche nacional do desemprego, que cresce vertiginosamente por causa da política de um governo de maioria PSD/CDS que anda à deriva. As soluções que tinha aprendido na velha cartilha neoliberal falharam redondamente. Não foi por falta de aviso, mas por teimosia e opção ideológica. Os Açores por tabela estão a sofrer também todas as consequências desta política do governo do PSD/CDS.
Causa, por isso, espanto ouvir algumas vozes afirmarem, com santa ingenuidade, que o turismo está a decrescer na região. Pudera, se a nossa maior origem de turistas provem do Continente… Se Passos Coelho os sufoca com impostos é natural que não sobre um tostão para viajar.
Por tudo isso, os açorianos já perceberam que a receita do PSD/Açores em nada difere do cardápio de Passos Coelho/Paulo Portas. Transplantar essa receita para a Região, seria um desastre. Dose dupla: não, obrigado.