Opinião

Haja saúde

Ausente do vosso convívio por um período maior do que o habitual, cá me encontro de volta com a vontade férrea de sempre de lutar pela defesa dos interesses dos Açores e dos açorianos. Para que não possam surgir suspeições ou falsas análises acerca do eclipse a que me submeti, cumpre-me informar os eventuais ouvintes e leitores que a ausência foi para uso exclusivo do tempo de férias para tratamentos inadiáveis e urgentes de saúde. Tal como falamos claro acerca da política e da sociedade, também poderemos trazer até vós os momentos que estamos a atravessar. No início do mês de maio, foi-me detetado um tumor maligno na bexiga. Fomos submetidos a uma intervenção cirúrgica no Hospital do Divino Espírito Santo, através do excelente e dedicado Urologista Dr. Carlos Sebastião a que seguiram, de imediato, tratamentos de quimioterapia. Entretanto, os resultados da biópsia então realizada vieram demostrar que a situação seria eventualmente mais grave do que a prevista, o que obrigou a efetivação de nova intervenção, decorrido um mês da primeira. Por sugestão e insistência do Dr. Carlos Sebastião e face às influências familiares e amigas de tantos e tantos que me bem querem, muito embora contrariado pelo fato de depositar plena confiança no saber, mestria e dedicação do nosso cirurgião dirigi-me ao Serviço de Urologia do Hospital de Santra Maria a fim de obter uma segunda opinião. Tal como em Ponta Delgada, fui atendido naquele mega hospital de forma atenta, carinhosa e altamente profissional. Lidos os relatórios, analisados os meios de diagnóstico já disponíveis e outros então solicitados, a conclusão foi precisamente a mesma que havia sido determinada pelos profissionais do nosso Serviço Regional de Saúde. Seguem-se 3 ciclos mensais de quimioterapia… 3 meses… Há que decidir já: Ficar em Lisboa ou regressar a Ponta Delgada? Ponderando rapidamente a decisão parecia óbvia: já para casa! Aí, entra a ação de outro Senhor da Medicina Oncológica, de quem tenho a honra de ser Amigo, o Dr. Rui San Bento que me diz apenas isso: - Eu sei o que queres que eu te diga! Mas, não digo! Vai à consulta a Lisboa, ouve, pensa e decide e, cá estaremos para te apoiar! Assim o fiz e, pela primeira vez na vida tive um contato real com o mundo de um hospital de dia de oncologia de um mega hospital como é o de “Santa Maria”. Naquela acolhedora aldeia oncológica senti, na pessoa da Dra. Joana Ribeiro, a excelência do saber aliada ao humanismo de quem entente o valor da proximidade do meio e da família como agente de minimização do sofrimento. Expostas as minhas razões, de pronto e de forma voluntária, contatou o Dr. Rui San Bento e estabeleceram o plano a levar a efeito em Ponta Delgada o qual se iniciou de imediato, rumo a meados de setembro, altura em que essa nossa luta que culminará com nova batalha cirúrgica certamente mais radical. Até lá, acredito que viverei como sempre, com as naturais limitações, com o saber da experiência aprendido, rodeado de amor, amizade… muito amor…. Muita amizade! Por isso, hoje, sinto-me com autoridade de desafiar os má-língua do costume, as caça-casos da saúde e dar a cara pelo Serviço Regional de Saúde, pelo excelente Hospital do Divino Espírito Santo, pelos notáveis médicos, pelo extremoso e altamente competente pessoal de enfermagem, auxiliar e de secretariado. E para que seja completamente verdadeiro e honesto tenho que afirmar que uma, apenas uma funcionária entre dezenas e dezenas que encontrei fora desse registo de excelência, foi no serviço de apoio social que nem, ao menos respondia à saudação de bom dia por parte dos utentes e, chegada a hora de saída, não se coibiu de afirmar alto e a bom som como, dirigisse ao povo num comício, que se ia já embora pois não devia favores ao hospital… Será? Para terminar e apresentando as minhas desculpas por vos ter maçado com um assunto pessoal, simplesmente pretendi comungar uma experiência de um cidadão comum e real perante um setor tão frequentemente injustiçado. Quero ainda registar com agrado a postura do candidato Vasco Cordeiro após ter ouvido em audiência reivindicações de pessoal deste setor, não ter tido o aproveitamento fácil de tudo prometer mas sim assumir a análise justa e ponderada da matéria exposta e, posteriormente assumir um a posição amadurecida, real e exequível. Esta é a diferença entre quem sabe que certamente irá assumir responsabilidades governativas em outubro e a de quem tudo pode prometer, pois cada vez mais se consciencializa que o povo não embarca em carros de bois de falsas mordomias.