Opinião

Ano Novo, problema envelhecido

Vamos no quarto dia de janeiro e já todos nós nos começamos a aperceber, até porque o fenómeno ocorre com uma periodicidade anual, que as resoluções de Ano Novo, por mais simples e banais que tenham sido, foram uma vez mais demasiado ambiciosas e, assim sendo, resta-nos a alegria realista de confirmar que não é pelo facto da Terra ter dado uma volta em torno do Sol que vamos deixar de ser quem sempre fomos, por maior que tenha sido a nossa vontade de não o ser naquele último nanossegundo de dezembro. E ainda bem que assim é, pois, como ensina um conhecido provérbio judaico, tem "cuidado com o que desejas, pois poderá ser atendido" e como bem chamou à atenção Freud a concretização dos desejos normalmente acaba em tragédia, pelo que o desejo último é a sua não-satisfação, ou seja, o desejo de permanecer em aberto e quem sabe talvez seja por isto que ano após ano repetimos as mesmas resoluções ou então esta é só mais uma justificação pseudo-psicanalítica que convoca Édipo para racionalizar ir a caminho do quarto menino-mija sem ainda ter andado um mísero quilómetro. Fica ao critério de cada um. Podem ainda não se ter apercebido, mas tudo isso vem a propósito deste jornal ter escolhido como acontecimento do ano "o caso estapafúrdio da estrada do Raminho" e nós não podíamos estar mais de acordo, pois ao longo do ano passado este Governo, que é tão velho como o ano que já passou e tão estapafúrdio como o caso referido, foi apresentando as mais mirabolantes justificações, quem sabe até do foro psicanalítico, para nada fazer em relação àquela estrada. Que o Ano Novo, não signifique vida nova, não é problemático, é a vida, que se evoque Freud para comer bolos, não vem grande mal ao mundo, já foi evocado para atrocidades maiores, agora que passado um ano, 365 dias, este Governo Regional não tenha realizados as intervenções necessárias à abertura da estrada do Raminho é já um grande problema, por ele vem mal à Terceira, que pode gerar uma tragédia e que tem um nome: negligência!