Opinião

Contradições e Incoerências

Nos tempos que correm exige-se grande responsabilidade aos agentes políticos. Precisamos de frontalidade, de coragem e coerência na acção política. Acredito que os cidadãos não se deixarão enganar por quem apoia a sua acção política na demagogia, nas contradições e nas incoerências, acabando, desta forma, por se criticar a si própria. Vem isto a propósito de dois episódios recentes que não podem passar em claro. A verdade é que nunca se tinha visto uma crítica tão forte da Presidente do PSD/Açores à Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada. 1 - Recentemente, afirma que quer dar mais apoios sociais, fazendo menos festas, mas diz que só sai da Câmara Municipal depois das grandes festas, este ano apresentadas como as maiores de sempre, com mais de 40 eventos festivos. Nós não somos contra as Festas do Divino Espirito Santo, pelo contrário, mas somos contra a utilização abusiva e aproveitamento partidário que a candidata do PSD Açores faz destas festas, usurpando uma manifestação popular genuína e secular, onde o principal protagonista deve ser o povo e não ela. 2- Ainda no âmbito destas contradições, não posso deixar de referir outra contradição e algo que é bem demonstrativo da diferença de postura na actividade política do candidato do Partido Socialista e da candidata do PSD/Açores. O PSD tem afirmado que é necessária transparência na governação, facto com o qual concordamos. O Parlamento açoriano, e bem, no âmbito das suas funções de fiscalizador da acção governativa, já entendeu criar várias comissões de inquérito. Recordo-me da comissão de inquérito ao processo de construção do Navio Atlântida e Anticiclone, proposta pelo PSD e aprovada e apoiada pelo PS/Açores. De imediato, o então secretário da Economia, Vasco Cordeiro, disponibilizou-se para esclarecer tudo o que fosse necessário e solicitado pelos vários partidos, em nome da transparência e da verdade. Recentemente, o PS propôs, na Assembleia Municipal de Ponta Delgada, a criação de uma comissão de inquérito ao processo de adjudicação dos mini-buses de Ponta Delgada e, rapidamente, por ordem da Dra. Berta Cabral, a bancada do PSD chumbou essa comissão, recusando a ideia de haver uma fiscalização eficaz a todo o processo. Isto é bem demonstrativo da diferença de postura entre os dois. Uns são transparentes, corajosos e responsáveis. Outros escondem-se e encolhem-se com medo das consequências dos seus actos.