Opinião

Agarrada ao poder

José Manuel Bolieiro, vice presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, em entrevista publicada no Açoriano Oriental do passado dia 18 de Julho, traduz o anunciado corolário, por demais evidente, da ação há muito indisfarçada, de Berta Cabral no que concerne ao aproveitamento político-partidário e de promoção pessoal em benefício da candidatura à presidência do governo dos Açores. A qualquer observador, por mais elevado estado de distração que possa exibir ou convir evidenciar, é impossível deixar de notar que a real ação da líder municipal foi conduzida apenas e exclusivamente para os fenómenos do por vezes bem parecer e, sobretudo do muito aparecer. Sem aquecer a cadeira do poder autárquico, Berta Cabral, há muito passa grande parte do tempo para que é paga pelos contribuintes – para lhe prestar os serviços inerentes as funções para foi eleita – ora para realizar visitas estrangeiro, ao continente, ou às restantes ilhas do arquipélago ou ainda na nova versão populista de tomar assento, pela mão de Rui Melo, com ar de incómodo – entre taxistas de Vila Franca do Campo que certamente nunca a tiveram ou terão como freguesa pagante e muito menos com presidente.. Pelos vistos, e conforme afirmou Bolieiro, mais uma vez Berta Cabral não respeitará o anunciado afastamento, prometido para imediatamente após as atividades mega promocionais da Mordoma levadas a cabo sob a capa do Divino, entremeada com corsos de tradições, usos e costumes, que parecem teimar no incentivo gratuito ao consumo da cerveja a rodos, de borla e para todos! Sinais de uma política de juventude com sede nas sequiosas e alcoólicas noites de Verão e no concílio de jovens velhos em retiro espiritual sob o maternalista discurso de uma novel da Santa da Ladeira? O que é facto é que todos nós continuamos a pagar a campanha da líder laranja em prejuízo da dedicação que obrigatoriamente deveria prestar aos assuntos da urbe cada vez menos feliz. José Manuel Bolieiro, em abono da verdade, assume direta e frontalmente que tem sido ele a gerir os destinos do concelho, o que contradiz com igual frontalidade as inverdades bastas vezes proferidas por Berta Cabral, que, como nós, na casa dos 60, se assume como detentora de capacidades físicas e mentais para, trabalhar dezenas de horas por dia e exercer em plenitude todas as funções oficiais, políticas e sociais que lhe estão acometidas ou que ela própria faz acometer. Ao afirmar-se muito bem preparado para substituir Berta Cabral, à frente dos destinos de Ponta Delgada, o atual vice de Ponta Delgada e ex-líder da Assembleia Municipal da Povoação, José Manuel Bolieiro, declara de forma clara e inequívoca que pretende – agora -rentabilizar os recursos que estão ao dispor da edilidade para resolver os problemas das pessoas. Assume que os havia, os há e que não foram devidamente usados pela ainda presidente Por outro lado, não deixa de ser surpreendente a crítica mordaz e direta que faz à sua ainda líder ao afirmar que nunca fez, não faz, nem fará da política um palco de promoção pessoal e que entende a detenção do poder como uma dádiva do povo eleitor potenciadora da prestação de um serviço à comunidade que elege aqueles que crê serem os mais capazes e descomprometidos com outros interesses. Poder-se-á constatar que esse discurso contradiz a prática de Berta Cabral que se arrasta penosamente pela autarquia desde que decidiu candidatar-se a Presidente do Governo dos Açores. Numa desmesurada ambição pelo poder regional, Berta Cabral nunca se coibiu ou coíbe de usar todos os meios da edilidade para os seus objetivos pessoais e partidários No seu percurso pela conquista do poder, não hesitou ao abandonar os companheiros autarcas derrotados nas últimas eleições, pois apesar de líder partidária regional, apenas fora candidata a Ponta Delgada! Nas Eleições para o Parlamento Europeu, aceitou de ânimo leve, a imposição de Cavaco e deixou cair ingloriamente, o eurodeputado Duarte Freitas – seu eventual sucessor após a expetável derrota regional em Outubro próximo. Apesar de se autodeclarar uma negociadora implacável, bastas vezes vergou espinha dorsal aos Passos e aos Relvas de Lisboa, nunca influenciando qualquer decisão de maior ou menor relevo a favor dos Açores. Culminando o ridículo, foi a constituição da comitiva de acompanhamento, por parte dos senhores da metrópole na audiência concedida por Cavaco Silva para que os líderes sugerirem datas para a marcação das eleições regionais. Berta, tudo faz para agradar os chefes do Terreiro do Paço, sempre em detrimento dos interesses dos açorianos. Cada dia que passa, uma cada vez maior coluna de ex-apoiantes de Berta engrossa as fileiras do jovem e promissor Vasco Cordeiro. Vasco soube dizer não à fácil tentação de aproveitamento fácil e facilitador que lhe conferia a titularidade do cargo de Secretário Regional da Economia. De modo próprio e com propostas exequíveis continua a conquistar e agregar vontades à volta de um projeto sério, honesto e aglutinador de gerações.