O país entrou em estado de choque com as declarações de Passos Coelho, os malabarismos de Victor Gaspar e as trapalhados do governo, em geral. O desastre que se vai evidenciando a cada dia que passa estava mais que anunciado. Toda a gente, mesmo desconhecedora dos modelos teóricos da economia, sabia que a receita que vinha sendo aplicada conduziria a uma catástrofe social. O governo estava avisado, mas a teimosia imperou. Obstinado em aplicar a receita liberal, não desistiu do objetivo de empobrecer quem vive do seu trabalho. Na proposta deste orçamento, fica bem clara a intenção de continuar a baixar os salários para limites insuportáveis, de tal modo que alguns empresários consideram prejudiciais medidas tão radicais.
Uma vez mais neste orçamento, ficou clara a insensibilidade de governo PSD/CDS em relação aos mais pobres e à classe média. O descaramento do governo em cobrar-lhes impostos para beneficiar os patrões, com especial relevo as grandes empresas, não tem precedentes na nossa história. Para disfarçar, acabou por taxar carros de luxo, barcos, aviões e casas acima do valor de 1 milhão de euros, mas estas receitas são insignificantes e não passam de manobra de diversão. Se o governo estivesse interessado em atingir os multimilionários teria tomado outras medidas bem mais eficazes em termos de receitas.
Perante a pressão social que está em crescendo, o isolamento a que o governo está sendo votado pelos parceiros sociais, Passos Coelho já admite fazer ajustamentos. Com toda a certeza irá fazê-los, mas estou convencido que não passará de uma simples cosmética. O essencial não será alterado: a continuação de uma política errada que não resolve a crise; uma austeridade desmesurada que atinge essencialmente os mais carenciados e a classe média; a aplicação de medidas que vão para além do que foi exigido pela troika.
Perante tudo isto, o meu voto na Assembleia da República só pode ser de protesto, só pode ser contra.
Este orçamento, mesmo com a cosmética que possa vir a sofrer, em nada contribuirá para a resolução dos problemas portugueses, onde se incluem os Açores. Mas o PS/A está preparado para minimizar os efeitos desta política desastrosa do governo de Passos Coelho.
PASSOS & PORTAS = AUSTERIDADE x 9. A frase não corresponde a uma charada, mas a uma proposta alternativa para legendar certos cartazes que andam circulando pelas ilhas.