A D. Benta por, mor de esticar os canelos, desenferrujar as velhas pernas e botar a conversa em dia, aproveitando um dia de sol outonal, combinou ir tomar uma xícara de chá verde a casa de uma velha amiga que mora para os lados da Fajã de Baixo.
Devagar, devagarinho, parando aqui, trocando dois dedos de conversa acolá, uma hora depois de ter posto os pés a caminho, passadas as Torres do Loreto, heis a velhinha da Calheta chegada à Rua Aníbal Câmara, mais precisamente quase junto à casa da antiga companheira de escola primária.
Azar dos azares! Mesmo em frente ao destino ia tropeçando no passeio e caindo estatelada no meio do chão! Não fosse um rapagão, que por ali passava na altura, lhe ter agarrado pelo braço, a nossa amiga teria batido em cheio com a cara no chão e quebrado uma perna ou um braço!
Como por vezes é dada a tonturas, a nossa amiga ainda pensou que tinha tido uma baixa da tensão ou os “diabretes” lhe tivessem pregado uma partida. Os “diabretes” estão controlados e a tensão estava como a de uma moçoila pronta a casar. Então o que acontecera para a desequilibrar como se tivesse tomado, em jejum, um quartilho bem aferido de vinho de cheiro da Caloura?
Pura e simplesmente o passeio está de tal forma esburacado que mais parece um “padaço” de queijo de peso que antigamente mercava na velha Rua do Frade, na antiga Loja Funda do Domingos Dias Machado. Nem as ruas do Kosovo têm uma buraqueira daquelas. Pelos vistos aquela rua está esquecida pela Junta e pela Câmara. Sabemos que tudo está em crise e que não há “monin” para quase nada, mas não acredito que se não consiga amanhar uma “nisca” de areia, uma “minzinha” de “sarrisca” e uns pozinhos de cimento para tapar aqueles buracos que põem em risco quem ali vive ou por ali passa!
Se ninguém botar a mão naquele desmazelo, para além das maleitas que poderá causar ao povo, a erva criada nas rachas e nos buracos ainda vai transformar os passeios em pasto para as vacas e para as cabras…
Disseram à D. Benta que há um senhor Vereador da Câmara que mora ali para aqueles lados, mas se calhar nunca reparou no estado dos passeios daquelas ruas e do jardim que fica no meio do bairro. A nossa amiga sugere ao senhor edil, que julga ser o “bossa” das obras, para quando o motorista o for buscar ou levar a casa, o grande favor de dar uma voltinha sentadinho no carro da Câmara e veja com os seus próprios olhos o estado lastimoso dos passeios. E, já agora, se não for muito incómodo, dê um passeiozinho a pé pelo jardim para confirmar que a velhinha da Calheta não é “mintirosa” nem amiga de levantar “aleivos”. Vá com cuidado para não tropeçar no buraco de uma tampa de esgoto que há meses está por reparar! Como gosta sempre de colaborar, a D. Benta até está disposta a fazer uma visita guiada ao local.
Como mulher de fé, a nossa amiga acredita que na próxima semana, se for viva e com saúde, neste mesmo espaço do jornal, certamente escreverá que as ervas foram arrancadas, os buracos foram tapados e os velhinhos e as velhinhas da Fajã já podem circular pelos passeios sem correr o risco de dar uma grandessíssima estacada e ter de recorrer ao serviço do 112 e às urgências do hospital!
P.S. - A Câmara Municipal de Ponta Delgada, decidiu isentar do pagamento de taxas os comerciantes que iluminem os seus estabelecimentos na quadra natalícia. Muito Bem! Para quando uma redução nas percentagens do Imposto Municipal sobe Imóveis - IMI - que desfalca os magros orçamentos das famílias?
P.S. – À exceção do PPM, todos os outros, subscreveram um projeto de resolução que solicita ao governo da República a manutenção do diferencial fiscal em vigor nos Açores. O líder monárquico está, cada vez mais, como aquele soldado raso que num batalhão andava com o passo trocado e acusava todos os outros de não saberem marchar.