O processo de escolha dos órgãos da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), faz-nos reflectir no papel que os Açores têm nessa estrutura e nas mais-valias que este tipo de organizações trazem para a nossa Região.
Em boa verdade, as relações bilaterais entre Portugal e os Estados Unidos são fortemente marcadas e, até, condicionadas pela presença norte-americana na Base das Lajes, na Ilha Terceira.
Daqui se espera que a acção da FLAD tenha em especial consideração os projetos, as iniciativas e as necessidades dos Açores.
Uma das formas de garantir que, na sua ação quotidiana, a FLAD tem essa atenção e cuidado acrescidos relativamente à Região Autónoma dos Açores, é a que consiste em ter presente no órgão executivo da fundação uma personalidade que tenha uma especial ligação com a Região.
Ao longo dos últimos anos, o Dr. Mário Mesquita foi quem assumiu essa função, lançando, nuns casos, e acarinhando, noutros, projetos que constituem o início da reconciliação da ação da FLAD com os Açores.
Propusemos, em conjunto com o CDS-PP e com o PPM, no plenário da semana passada, no Parlamento, uma recomendação para que se mantenha ao nível do Conselho Executivo da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento a presença de um titular com especial ligação aos Açores e especial sensibilidade para as questões açorianas, como se verificou no mandato que agora finda. Este Conselho é nomeado pelo Primeiro-Ministro.
Num momento em que os acontecimentos em torno da Base das Lajes e da redução da presença norte-americana são uma evidência, esta questão assume ainda mais importância.
A representação externa dos Açores neste tipo de organismos e o retorno que representam para nós, têm grande importância.
Nos tempos que correm, as plataformas nacionais, europeias e internacionais não podem ser descuradas, nem se podem limitar à manutenção de laços afectivos ou a presenças e visitas circunstanciais inconsequentes. É preciso ter uma agenda externa bem definida, com propósitos claros e com objectivos definidos.
Um bom exemplo desse tipo de agenda tem sido a acção do Presidente do Governo dos Açores, nas diligências que tem desenvolvido sobre a Base das Lajes, nos Estados Unidos.
Isso deve ser replicado para outras áreas, sobretudo ao nível da diplomacia económica e da captação de investimento externo.
As dificuldades do presente e a necessidade permanente de desenvolver uma agenda conjuntural para ajudar as famílias e as empresas a ultrapassar as dificuldades, não podem condicionar negativamente a capacidade de planificação de médio prazo onde a nossa representação externa assume um papel relevante.