Opinião

A descida do desemprego

O PS a nível nacional não tem sabido gerir os dados que revelam a descida do desemprego em todo o país. Parecem zangados e até infelizes com os dados sobre o desemprego, acabando por não conseguir fazer uma análise qualitativa, como se exige, destas estatísticas. Com esta análise séria, uma alternativa de poder credibiliza-se e até pode melhorar as suas propostas. Qual é a população ativa? Esta subiu ou desceu? Houve saída de quadros especializados do país? Em que sectores foram criados empregos e porquê? Em que sectores aconteceu o contrário? A tendência é de conjuntura ou já se assiste a uma evolução estrutural do ciclo económico? Estas são perguntas obrigatórias, cuja resposta tem de ser fornecida à opinião pública. Nos Açores, a oposição ainda é pior, nomeadamente o PSD. Muitas vezes tenho a sensação de que não fazem a mínima ideia do que se está a passar na nossa economia. Não conseguem sequer distinguir a diferença dos dados fornecidos pelo INE sobre o desemprego (obtidos através de entrevista telefónica) e os dados sobre emprego dos Centros de Emprego (obtidos através de listagem dos que se efetivamente inscreveram a procurar emprego). Chega a ser constrangedor ouvir o presidente do PSD/Açores a tecer considerações, (escritas à pressa por outro, espero eu), sobre o desemprego, completamente fora da realidade. Análises do PSD sobre o desemprego? Não conheço! Críticas ao desbarato ao Governo dos Açores? Se pagassem impostos duplicávamos o orçamento! Não temos tido boas notícias sobre o desemprego nos anteriores trimestres, é verdade, mas o facto é que, segundo INE, no último trimestre, este baixou 0,4p.p., ou seja, as notícias são boas para a economia açoriana. Não muito confortável com esta descida, o presidente do PSD ignorou este facto, como se isso fosse possível e voltou as suas baterias da crítica para os programas de formação e de ocupação de desempregados. “Não criam emprego! São pensos rápidos!”, afirma a iluminada personagem. Pois até aí, já tínhamos todos chegado! Claro que não são empregos permanentes, não vivemos num Estado Soviético, a Região não cria diretamente postos de trabalho, fomenta sim, tal como o PS defende e tanto quanto sei o PSD, a sua criação através da intervenção na economia num menor ou maior grau. Outro facto, que parece ignorar o presidente do PSD/Açores, é que o seu Governo da República deixou os desempregados sem qualquer tipo de rede de proteção social e de possibilidade de requalificação profissional. O PSD cortou no subsídio de desemprego, no rendimento social de inserção e, as oportunidades de formação, tão elogiadas do tempo de Sócrates foram, pura e simplesmente, destruídas. Para quem já não recebe subsídio de desemprego, se estiver dependente das medidas do partido do presidente do PSD/Açores, a única oportunidade que tem é a da pobreza e da indigência. É, portanto, fundamental intervir no fenómeno do desemprego de duas formas: com uma agenda estrutural de fomento económico, o que leva, obviamente, tempo; e rapidamente, conjunturalmente, para minorar os efeitos sociais do desemprego, com programas que permitam, a quem neles participa, obter um tão desejado rendimento do seu trabalho e uma requalificação fundamental para no futuro conseguir um melhor emprego. Ignorar esta necessidade, e ter esta insensibilidade, revela mais sobre o PSD dos Açores do que qualquer medida (por muito poucas que sejam) que proponha para satisfazer um determinado nicho ou capricho. Revela que a estratégia que tem, em pouco ou nada se distingue da de Passos Coelho, ou seja, de que o desemprego mais não é do que uma oportunidade e que o povo aguenta, “ai aguenta! Aguenta!”.