Neste próximo fim de semana o PSD-Açores reúne o seu XXI Congresso Regional, um evento que corre o risco de se confundir com uma missa cantada de uma igreja protestante. Exaltará o espírito dos participantes com críticas aos hereges mas terá um impacto irrelevante fora das quatro paredes do conclave.
O PSD especializou-se em organizar congressos na quase clandestinidade. Não houve o cuidado de antecipar o evento na opinião pública. Se excluirmos uma entrevista a um proscrito, o Congresso do PSD teve, até hoje, menos projeção mediática do que a equipa de futebol do Tractor - um clube do Irão treinado pelo benfiquista Toni.
Curioso é também o facto de Duarte Freitas ter voltado a apresentar uma Moção de orientação política genérica e com omissões escandalosas. A aposta é clara. O PSD não irá debater propostas alternativas preferindo centrar os seus trabalhos em criticar o Governo Regional e o PS. Um erro incompreensível que acentua uma identidade definida pela negativa e não pela diferença, através de propostas novas e mobilizadoras.
Com estes antecedentes, o risco do Congresso do PSD-Apoder ser um fiasco é considerável. Do ponto de vista da opinião pública há apenas um aspeto que pode conferir algum interesse ao evento: o anúncio do cabeça de lista que o partido apresentará às próximas eleições legislativas nacionais de Outubro.
O PSD pode optar entre o Dr. Mota Amaral, com a vantagem deste ser um crítico de Passos Coelho, ou a Dr.ª. Berta Cabral, com a desvantagem desta estar totalmente colada à governação nacional.
O interesse do Congresso do PSD-A resume-se a conhecer o nome do cabeça de lista às próximas eleições. Não é possível contornar e adiar esta decisão. Um facto que definirá o rumo que o partido seguirá até outubro. Ou o PSD tenta um divórcio litigioso do atual PM e explora alguma margem de manobra com a candidatura do Dr. Mota Amaral. Ou propõe Berta Cabral e aposta num casamento com comunhão de adquiridos com Passos Coelho, no altar das políticas de austeridade e de posições contra os Açores. Alguém se calará para sempre?