A Ministra das Finanças de Passos Coelho não é reconhecida por cometer gafes nem deslizes políticos. Antes pelo contrário. Apesar de ser apologética da austeridade pura e dura, Maria Luís Albuquerque revelou-se uma ministra com a capacidade de conciliar o conhecimento e o rigor técnico com uma certa intuição política capaz de atenuar o discurso do seu antecessor, muito centrado na obsessão pela austeridade e pelos sacrifícios.
Mais ainda do que o Primeiro-ministro, Maria Luís Albuquerque e sobretudo Paulo Portas foram os obreiros das duas grande ilusões que têm sustentado a nova narrativa do governo da República nos últimos doze meses, desde que a troika “se foi embora”.
Tal como um malabarista de circo o logro do Governo do País tem duas pernas que o sustenta. Uma é a ideia de que o Governo teve a capacidade de “resolver os graves problemas que atingiam o País”; E a outra é a mentira que “o pior já passou”.
A verdade é bem diferente do que o Governo tem divulgado. Na realidade, o que o Governo de passos Coelho está a fazer é usurpar méritos alheios. O Governo chama a si resultados que decorrem ou de imposições do Tribunal Constitucional (com impacto no rendimento e consequentemente no consumo), ou de decisões do Banco Central Europeu e da Comissão Europeia (que aliviaram as taxas de juro da dívida pública), ou até mesmo da falta de consensos na OPEP sobre o nível de preço do barril de petróleo (com repercussões no preço da energia e dos combustíveis em particular). Vale tudo para moldar uma perceção que não corresponde à realidade.
Nem os problemas do País estão resolvidos nem o pior ficou para trás.
As recentes declarações da Ministra das Finanças, sobre a necessidade de proceder a novos cortes nas pensões dos reformados, provam isso mesmo. Ela não cometeu nenhum deslize. A Ministra disse o que o governo pensa e quer fazer.
Se a atual maioria que governa o País for reconduzida é certo que não haverá qualquer mudança. Teremos mais do mesmo. Nesse cenário uma coisa é certa. O Pior pode estar para vir e não será só para os reformados.