Opinião

Eleições sitiadas

As próximas eleições estão sitiadas entre a globalização que atravessa o país, com os “ditames” europeus à cabeça e a política interna “líquida e indefinida”. Não se vislumbra na atual governação da república nenhum rumo para autonomizar o país. Passos e acólitos têm sido “coerentes na teimosia acéfala” do quanto pior melhor depois. Nesta base, baixaram tanto indicadores económicos e níveis de expectativa que a qualquer dado mais positivo enchem-se de vã glória. São os casos do desemprego nunca visto pelo lado do emprego porquanto por este prisma teríamos regredido décadas. O país piorou tanto que o chamado “efeito de teto” aparece sempre com um indicador mais positivo. Este é o problema da regressão económica a que quase todos foram sujeitos e da secessão social por ela produzida. O próximo mês mostrará um país sitiado entre a promessa de mais do mesmo do PSD, salpicadas de ilusões como a devolução de verbas no IRS, que somente são a desobriga de quem “tirou demais” aos contribuintes, e, a necessidade da consistência das propostas e compromissos do PS que alavanquem a sociedade portuguesa a gerir o seu próprio destino. No continuum dos próximos 30 dias inscrevem-se, por isso, as teorias conservadoras do PSD que sustentam salazarentamente que “está tudo bem assim e não podia ser de outra forma” ou a “confiança na mudança” protagonizada pelo PS que precisa aumentar o seu caráter incisivo e objetivo. Neste inventário de desafios não é fácil estabelecer um porfefólio de soluções para os resolver. Porém, o PSD fazendo-se de morto espera a recompensa do governo punitivo cheio de boas intenções. Cabe ao PS mostrar as virtualidades da velocidade e aceleração da mudança para que conquistemos um novo espaço e um novo tempo de felicidade individual que invada o atual e triste quotidiano do país. É nesta “modernidade líquida”, nas palavras de Zygmunt Bauman, por oposição ao nosso conceito do ensino primário “do sólido com forma própria e volume constante” que estaremos mergulhados ou imersos nos próximos tempos. As eleições estão sitiadas entre a austeridade consentida do PSD e um novo sentido para as pessoas que será percecionado com lucidez socialista. Um nova maioria socialista é crucial para enfrentarmos a paralisia asfixiante da austeridade líquida, invasiva e ampliada, abusivamente, pelo governo de Passos, no calvário dos últimos quatro anos.