I. Podia dedicar o presente artigo ao Congresso do PS/Açores apenas por obrigação institucional ou por afinidade política – o que já de si seriam boas justificações para o fazer. Mas, atendendo à forma como decorreu, tenho outras e melhores motivações. Faço-o com a satisfação própria de quem encontrou na Moção de Orientação Política Global apresentada por Vasco Cordeiro, e no debate que ela gerou, uma indubitável vontade de começar sempre de novo, para fazer melhor, sem que isso signifique esquecer o que de bom se fez.
Num Congresso que se constituiu como um espaço de reflexão livre e muito participado, o PS centrou todos os seus esforços na melhoria da sua ação política em prol das Açorianas e dos Açorianos, dos seus anseios, das suas aspirações, das suas dificuldades. Apesar dos múltiplos e evidentes sinais de consolidação da tendência de crescimento da economia, foi tempo de nos inquietarmos, mais uma vez, de nos sobressaltarmos, de novo, para dar início, com o mesmo empenho de sempre, a uma nova etapa da ação do PS ao serviço dos Açores!
Não houve, por isso, nem tempo nem vontade de alimentar lutas estéreis e ruidosas com outros partidos, que preenchem agenda mediática mas que nos afastam dos cidadãos e nos atraem para um circuito-fechado de pequena política, onde os outros serão sempre muito melhores do que o PS.
II. Nos últimos anos, o PS teve de ser nos Açores o Governo que o país não teve na República. Perante um programa de austeridade com uma fortíssima carga ideológica, que nos queria obrigar a aceitar, também na Região, o empobrecimento como uma fatalidade e que lançou sobre as famílias e as empresas medidas que levaram à maior perda de rendimentos e à maior destruição de emprego de que há memória no Portugal democrático, a governação do PS/Açores manteve-se firme no propósito de proteger o rendimento das famílias, apoiar as empresas e os trabalhadores, bem como de prosseguir o trabalho de construção de uma Região socialmente justa e coesa.
Teve ainda de fazer face a outros desafios e adversidades que foram impostos do exterior, como seja a redução muito significativa da presença norte-americana na Base das Lajes, a baixa dos preços nos mercados internacionais dos produtos lácteos e uma transição demasiado demorada entre quadros comunitários de apoio.
Em convergência com as Açorianas e os Açorianos, o PS/Açores soube reafirmar-se, nestes tempos difíceis, como esteio de estabilidade, de segurança e de confiança. Sai agora do Congresso da Lagoa com a obrigação de fortalecer a sua ação aprofundando os instrumentos de concretização da nossa Autonomia. Uma Autonomia que se quer cada vez mais capaz de fomentar a participação cívica e o envolvimento de todos na prossecução do bem comum; que se pretende cada vez mais materializada em respostas políticas arrojadas, inovadoras e orientadas para resultados concretos, ao serviço dos Açorianos; que reflita, enfim, a nossa realidade específica e nos defenda de quem insiste em olhar para nós como se fossemos uma mera circunscrição administrativa em forma de arquipélago ou um exotismo geográfico.
III. Para isso, teve também de se repensar como Partido, não em termos da nossa essência ideológica, não para seu auto comprazimento, mas, sobretudo, para poder reforçar a credibilidade que lhe tem sido reconhecida pelos Açorianos, enquanto força política aberta às várias correntes de opinião e aos diversos movimentos sociais, dando corpo, a cada momento, ao sentido de progresso e desenvolvimento que alimenta a ação diária dos Açorianos. Só assim pode legitimamente ambicionar renovar de forma expressiva a confiança da maioria dos Açorianos!•
André Bradford