Opinião

The Panama papers ou gansters?

Mais do que vivermos na sociedade líquida de Bauman, por contraponto ao sólido de forma própria e volume constante, o recente “The Panama papers” mostra a “sociedade gasosa” que exala a putrefacção da desordem mundial. De nada serviu a declaração de 2009, dos países mais ricos do mundo (G20), em que Obama apresentou o combate dos paraísos fiscais como uma nobre prioridade. Outrossim, o diagnóstico realizado pela União Europeia (UE) sobre os paraísos fiscais mundiais ficou-se pela avaliação sem consequências como é timbre da UE. A tentativa ou melhor a tentação de mitigar a âmago da questão expressou-se em “offshores” de fiscalidade ou tributação reduzida e os ilegais ou de fuga fiscal. Chegou-se ao refinamento dos rankings para medir a seriedade...Há alguns anos iniciou-se a abertura da caixa de Pandora com o célebre Lux Leaks, o conhecimento do paraíso Liechtenstein e a imposição dos EUA para que a Suíça abrisse portas ao segredo bancário. Os comboios carregados de dinheiro que chegam a estes países acabam por negociar fiscalidades especiais. Quando Junker foi questionado pela Comissão Europeia por poder “conhecer” estas operações ou quando se sabe que os EUA convivem dentro do seu território com offshore, então o sentimento de pura hipocrisia espalha-se na “ sociedade gasosa”. A questão adensou-se agora com o odor global dos gases fétidos e putrefactos emitidos pelo Panamá. Cá dentro, a total inoperância do Banco de Portugal é assumida, como foi noticiado, porque dizem saber que saíram do país, em 2015, 2 milhões de euros/dia, pese embora desconheçam os caminhos ínvios ou o rasto do dinheiro... A arquitetura financeira mundial ficou mais clara para muitos cidadãos que com os “Papéis do Panamá” tiveram a sensação de colapso e calamidade ética. Os cidadãos e famílias que pagam impostos e as pessoas do Bem reclamam uma alteração visceral para este esboroar do Ser e da Ética. Aliás, a concentração da riqueza pessoal mundial, ainda invisível, está circunscrita a umas poucas dezenas que tendem a concentrar-se. Porém, muito visível é o peso do tráfico de armas e pessoas, do petróleo e da droga, nesta rede geradora de desordem mundial. “Panamapapers ou Panamagansters?” Mais: 470 anos da Cidade de Ponta Delgada. Menos: A má gestão da maior autarquia que só conhece os verbos “colaborar ou protocolar sem pagar”, “lançar desafios aos outros” e “preocupar/paralisar”...