Comemorámos na passada terça–feira os 40 anos das primeiras eleições regionais, consubstanciando um verdadeiro marco no desenvolvimento de um processo autonómico que ainda hoje se move e se assume tendente a uma maior transfiguração. Tal foi o desígnio de um impulso de aprofundamento daquele processo que foi dado no penúltimo Dia da Região, pelo Presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro.
Afirmamos, desse modo, de forma sempre inovadora, equilibrada e com claros objetivos de estabilidade e de maior justiça, uma renovação necessária da nossa Autonomia, adequada às novas realidades dos Açores. Assumimos que aquela é a forma maior de valorização desta Região que, pelas suas características arquipelágicas, é o que claramente dota Portugal da área marítima que lhe possibilita a vasta e massiva extensão territorial que o caracteriza e em muito o beneficia.
O reconhecimento da justiça do reforço da Autonomia dos Açores nada mais é do que o admitir de um projeto de sucesso que, por esse mesmo motivo, a par da avaliação do surgimento de novas circunstâncias, decorrentes da própria evolução temporal, merece uma continuação e aprofundamento.
É com orgulho que devemos olhar para os Açores, hoje, como Região Autónoma. Nunca poderemos afirmar que tudo fizemos bem. Os processos evolutivos servem também para, ao longo de uma análise que deve ser feita de forma humilde, clara e objetiva, proceder às correções necessárias, visando o seu aperfeiçoamento. O processo autonómico nunca alcançará o patamar da perfeição. Porque a realidade, as pessoas, as vivências e as circunstâncias externas, tudo isso é mutável. Dessa forma, também a Autonomia o deve ser, fornecendo, no entanto, a solidez e a estabilidade necessárias a cada momento da História em que se desenvolva.
A Autonomia permitiu-nos uma afirmação nacional e internacional justa, que de outra forma, poderia não acontecer. Foi ela que nos permitiu uma modernização com horizontes competitivos, que nos facultou uma defesa mais firme dos nossos interesses, das nossas especificidades. É o que nos permite decidir por órgãos de governo próprio. É esta Autonomia que nos permite crescer. É por ela que somos Açores.
A força da nossa Autonomia é, de facto, cada Açoriano. Cada um e todos juntos, fazemo-la todos os dias. Como os que vieram antes de nós e que primaram pela defesa de um regime autonómico, também hoje temos todos um papel a desempenhar, no pensar do seu aprofundamento e no arquitetar da sua valorização e do seu reforço.
Urge, assim, que se perceba que a força da Autonomia está representada em cada passo que cada Açoriano dá. Não é uma ideia vaga ou uma noção etérea. Vai muito para além do patamar de mero conceito. Não a podemos tomar por adquirida. A custo foi conquistada e devemos valorizá-la, compreendê-la, perceber o que ela implica e no que ela pode ser reforçada a nosso favor. Para que possamos crescer mais, desenvolvermo-nos mais, para que possamos ter maior capacidade de decisão e para que o nosso papel no enquadramento nacional e, por consequência, internacional, seja reforçado.
Em nós reside a capacidade de enriquecer a nossa Autonomia. Porque é pela sua existência que hoje os Açores estão organizados da forma mais adequada, eficaz e equitativa, atendendo às especificidades de cada ilha, de cada cidadão. Porque é por nós e para nós que ela existe e foi implementada. E é a nós que cabe a sua manutenção, valorização e enaltecimento. Todos os dias.