Opinião

O muro da Turquia

A Turquia após os seus quase 40 sultões desde o século XIII, sofreu com o conservador Recep Erdogan (em turco “respeitoso Falcão”!) um desvio crescente para o islamismo. A chamada “democracia” híbrida islâmica está em aceleração para uma autocracia à moda antiga. Como no xamanismo, o falcão encapuzado significa os prisioneiros…As Guerras Religiosas da Europa ocorridas há 450 anos deviam dar ensinamentos ao Ocidente. Não parece ser o Islão como religião que gera discórdia mas sim o poder de influenciar o rumo, as instituições e as leis que regerão a sociedade. É neste ambiente polarizador que o carismático premier islâmico conservador Recep Tayyip Erdogan, no poder desde 2003, venceu todas as eleições presidenciais na Turquia. O mais longevo dirigente da república turca, fundada em 1923 por Mustafa Kemal Ataturk, sobre as ruínas do Império Otomano, erigiu agora “o muro da Turquia” e suspendeu a carta de Direitos Humanos. A Europa na sua lentidão habitual deixou-se ultrapassar, “nas suas barbas”, pelas mudanças. Entretanto, o diretório europeu, “assético-virulento-contagioso” e incompetente na construção, mas competente na desconstrução europeia, foca-se nas décimas de défices fixados, artificialmente, por países grandes, simultaneamente, prevaricadores dessas imposições. Mais do que trágico e irónico, é o início do descalabro se os políticos que restam não puserem cobro a esta entropia cavalgante para o abismo. A guerra entre o bem e o mal confunde-se no Islão porquanto não há autonomia do Estado, uma vez que política e religião nunca se separam. Parafraseando Arendt a falta de capacidade de julgar está na base das maiores atrocidades. O muro da Turquia terá múltiplas implicações nesta sociedade líquida ou gasosa da atualidade. A falta de eletricidade numa base americana instalada na Turquia foi um primeiro sinal. Nesta geometria variável e incerta, a Base das Lajes pode, de novo, vir a ser necessária a uma certa ingratidão americana que se tem manifestado nos últimos tempos. Esta semana foi a posição sobre a inoperância do radar meteorológico. Espera-se que o Estado através do Instituto Português do Mar e da Atmosfera possa resolver com celeridade a questão. Utilizem a grande rentabilidade anual do serviço de meteorologia no aeroporto de Ponta Delgada e resolvam lá isso! Afinal, o muro da Turquia deve servir de contraexemplo e nunca de bom exemplo...