Opinião

Fim à Vista

Uma observação atenta aos últimos meses de atuação do atual presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada suscita uma intrigante e incontornável questão: o que é que se está a passar na maior autarquia dos Açores? O Dr. José Bolieiro é indiscutivelmente um homem sério e um político simpático. Porém, nos últimos meses, o seu desempenho na presidência da Câmara acentuou uma ideia comprometedora que já vinha de trás. Manifestamente, a sua vocação não é dirigir a Câmara Municipal de Ponta Delgada. Pelo menos não nesta altura de enormes desafios e exigências. Não sem a visão, sem a liderança e sem a capacidade de decisão que transparece. E não, sejamos justos, com a equipa fraca, desorientada e desunida que reuniu à sua volta. Depois de durante meses ter-se apresentado como a cumprir um verdadeiro sacrifício na presidência da Câmara, José Bolieiro deixou correr a especulação de que não se recandidataria. Só nas vésperas da apresentação da candidatura do Eng.º Vítor Fraga é que anunciou que afinal iria a jogo. E qual a razão que o motiva? Teria ele a visão de projetar Ponta Delgada para o topo das cidades com melhores indicadores ambientais e de qualidade de vida do País? Estaria ele disposto a estabelecer uma ampla concertação com os setores empresariais do Concelho no sentido de implementar um dos melhores ambientes de negócios e de promoção do investimento e do emprego do País? Nada disso. O seu projeto é de continuidade, “tem de haver equilíbrios nas forças de poder”. Ou seja, o seu grande propósito para Ponta Delgada é tornar ele próprio e o PSD em contrapesos ao poder regional do PS. No espaço de um ano o executivo municipal de José Boleiro é apanhado por duas vezes a plagiar um documento. Esses embaraços implicaram a retirada dos documentos e o adiamento das deliberações. Na última sexta-feira, a maioria dos taxistas de Ponta Delgada dirigiu-se à Câmara para protestar contra a atribuição, sem concurso público, de uma licença para o transporte de pessoas com mobilidade reduzida. A Câmara de Ponta Delgada está a passar por situações muito estranhas. A autoridade parece esboroar-se. Todos os sinais indicam que o fim deste executivo e do atual presidente está à vista.