Opinião

Pão e Rosas

Quando foi posto em crise o orçamento dos Açores para 2014, por causa dos complementos de rendimento (remuneração complementar e "pensão pequenina"), o Tribunal Constitucional resolveu surpreender-nos, dando razão aos Açores e confirmando a legalidade e justeza dessas medidas. Quem leu o acórdão, constatou a essencialidade da terceira revisão do EPARAA, da consagração dos direitos da Região e do conceito de adquirido autonómico. Quando a Região optou por reconhecer na íntegra o tempo de serviço dos professores, logo se levantaram vozes centralistas, pondo em causa o nosso direito à diferença e as nossas prerrogativas autonómicas - lembrando que há quem não aceita as nossas conquistas, que firmemente temos de manter. Vem isto a propósito da tentação que alguns vêm manifestando, num estranho sinal de atrevimento (e o atrevimento é sempre ignorante, ou vice-versa, versa-vice), que ele há grandes questões, em que tais meninges bastamente se ocupam, como a pobreza e outras questões básicas, cuja invocação tem o aconchego dos lugares comuns e a facilidade do primarismo simplista)e que não têm tempo para o aperfeiçoamento da Autonomia, coisa complicada de entender, e sem a força dum frete ou subsídio. Esquecem tais fiéis do imediato que, não fora a consagração dum regime autonómico, e nunca tinham nascido como responsáveis ou representantes do povo, nem haveria Parlamento para "resolverem" todos os problemas e desfazer cá o que os seus companheiros fizeram a nível nacional! É que a Autonomia e o seu aprofundamento não são apenas rosas para enfeitar lapelas de uns poucos... são a base e a legitimação do pão que justa e finalmente temos! E, por incompetência, preguiça ou facilitismo - alimentar o populismo fácil é, a prazo, um péssimo serviço a quem pretensamente se diz priorizar acima de tudo: o Povo Açoriano!