Opinião

Açores - Europa: juventude, espaço e pesca

Nos últimos dias participei na cerimónia de entrega de prémios de mérito académico aos alunos do 4.º, 6.º e 9.º ano da Escola de Rabo de Peixe, realizei uma visita ao chamado “cluster” espacial da ilha de Santa Maria e intervim na Comissão das Pescas do Parlamento Europeu numa audição que contou com uma apresentação do Presidente da Federação das Pescas dos Açores sobre as pescas de pequena escala dos Açores e de outras regiões ultraperiféricas numa ocasião em que está em discussão no parlamento o novo Fundo Europeu para as Pescas e Assuntos Marítimos. Na sessão em Rabo de Peixe, os alunos partilharam as propostas que vão apresentar no parlamento jovem deste ano que é subordinado ao tema “aquecimento global, salvar os oceanos”. Foi um momento muito interessante de partilha de preocupações e ambições comuns. As propostas que apresentaram pretendem agir localmente numa lógica global, uma vez que visam melhorar a limpeza da costa mas também do próprio oceano, através, por exemplo, da redução da utilização de plásticos. São ideias alinhadas com o esforço que a União Europeia tem vindo a fazer, por via legislativa, para melhorar a saúde dos Oceanos, processo em que estive envolvido desde a primeira hora. Tratam-se de propostas orientadas que dizem muito acerca da mudança de mentalidades a que estamos a assistir. As novas gerações têm consciência de que é preciso tomar atitudes para corrigir problemas ambientais e divulgar a necessidade de mitigar o avanço do aquecimento global. Encontros como este, com jovens conscientes dos desafios que enfrentam e verdadeiros cidadãos do mundo, são um tónico para continuarmos a trabalhar na construção dos consensos necessários à edificação de políticas globais que ajudem a salvar o planeta. Na ilha de Santa Maria visitei a Estação Geodésica Fundamental da RAEGE e as Estações ESA e Galileu, projetos que têm vindo de ano para ano a ganhar novas valências. Fruto destes investimentos e de outros que serão entretanto realizados, a região está cada vez mais capacitada para assumir um papel na estratégia espacial europeia. Respondendo afirmativamente a uma aposta forte da União que pretende aplicar as informações e o conhecimento da tecnologia espacial no desenvolvimento, entre outras, da agricultura e das pescas, mas também na previsão de riscos, dotando-as de maior precisão. Por fim, e já em Bruxelas, na audição sobre pesca de pequena escala, na qual participou Gualberto Rita, Presidente da Federação das Pescas dos Açores, defendemos as nossas pescarias e começamos a trabalhar na definição de navio costeiro de pequena escala, um conceito que pode revestir-se de importância significativa para as nossas pretensões, num momento em que está em discussão o novo regulamento do FEAMP. Todas estas iniciativas têm como ponto convergente um trabalho que exige persistência e que dará tendencialmente resultados apenas no médio longo prazo.