Soa a cliché, eu sei. Mas é justamente esta a mensagem que vos pretendo transmitir hoje. Os desenvolvimentos dos últimos dias deixaram-nos a todos – inclusivamente a mim – atónitos. Acima da disputa partidária, as eleições Europeias têm-nos proporcionado, ao longo das últimas décadas, a possibilidade de estarmos representados no Parlamento Europeu com dois deputados. Desta vez – e ao longo dos próximos 5 anos – não será assim. É meia década, muito tempo para deixarmos os destinos dos Açores, no plano Europeu, nas mãos de outros.
Em boa hora entendeu o Partido Socialista que ambas as Regiões Autónomas do nosso país têm de estar representadas em Bruxelas. Em boa hora salvaguardou o PS uma presença física das nossas ilhas num hemiciclo da maior importância para o desenvolvimento da nossa Terra.
Apelo, pois, a todos os Açorianos, para que, perante umas eleições completamente atípicas na nossa Região, apostem no voto útil e na utilidade do seu voto.
E porquê? Porque a impossibilidade de eleger mais um deputado dos Açores, independentemente das suas convicções e posicionamento ideológico, fragiliza – claramente - a defesa dos interesses dos Açores.
E por isso que, meus caros Açorianos, hoje mais do que nunca, é preciso dar Força aos Açores na Europa.
É preciso mostrar, no próximo dia 26 de Maio, que os Açorianos se sentem e são Europeus por direito próprio. Que os Açorianos querem participar e querem ajudar a construir o nosso futuro coletivo. E para isso teremos, necessariamente, de aumentar a nossa participação eleitoral nas eleições Europeias.
Nas últimas eleições regionais votaram, grosso modo, perto de 45 mil Açorianos. São apenas 20% dos eleitores recenseados. Bem sei que os cadernos eleitorais carecem de atualização mas, mesmo assim, os números são preocupantes.
E devemos estar preocupados. A União Europeia tem sido fundamental para o desenvolvimento de todas as ilhas dos Açores. A Europa tem sido solidária para connosco e defendo que assim deve permanecer, em nome da Coesão Territorial, na defesa da Ultraperiferia e da Convergência.
A questão pode colocar-se se a Europa – ou alguns representantes eleitos por outros - começar a decidir que os Açores, por “não se interessarem” pelos Assuntos Europeus, a ponto de não irem votar nas eleições Europeias, não devem ser merecedores de apoios.
É por isso que, nestas eleições, apesar de tudo o que aconteceu, apelo a que nos unamos e respondamos “Presente!”.
Apelo aos Açorianos para que vão às urnas mostrar que estão interessados, que querem participar, que são tão Europeus quanto um francês, um alemão ou um sueco.
Temos esse direito. Temos esse dever. O dever de sermos senhores e mestres do nosso caminho, de ajudarmos a construir – juntos – o nosso futuro. De reclamar os frutos do nosso trabalho e de alimentar, cada vez mais, a nossa Ambição.
A alternativa é deixar os outros decidirem por nós. E isso não terá, seguramente, um desfecho positivo para a nossa Região. Já alertava Platão.
No próximo dia 26 de Maio é preciso dar Força aos Açores na Europa. Hoje, mais do que nunca. Porque as instituições políticas são o garante da nossa Democracia e, obviamente, da nossa Autonomia.