O grupo SATA deu a conhecer os resultados referentes a 2018. O saldo, tal como havia sido anunciado pelo Presidente o Conselho de Administração há uns meses foi pior que no ano transato (2017). Números preocupantes e que mereceram do Presidente Vasco Cordeiro, ainda que numa breve análise, palavras de realismo, responsabilidade e confiança na ação futura de uma administração que nem 6 meses de exercício ainda tinha. Dois dias antes, perante a confirmação oficial do cenário previamente anunciado, vieram logo a terreiro os grandes especialistas em gestão na vertente do transporte aéreo. Os mesmos que pedem, em cada intervenção pública sobre a SATA, mais aviões, mais voos, mais “ACMIS”, mais tripulações, mais funcionários e… menos prejuízos. Sim, estamos a falar do PSD. Atentemos ao seu líder. Não só pelo cargo que ocupa até 2020 (?), mas principalmente por aquilo que foi dito. Referiu, então, o Presidente da Câmara da Ribeira Grande de visita (férias na autarquia?) por Santa Maria, que estava em causa uma “gestão danosa” do Governo e, especificamente, de Vasco Cordeiro. Percebe-se a ideia e a tentação de colar Vasco Cordeiro aos prejuízos (acima de 50 milhões) anunciados era fortíssima, mas Gaudêncio falhou em toda a linha. Comecemos pela forma. Os termos utilizados reportam para o Código Penal e, designadamente, para a norma que define o tipo de crime denominado “administração danosa” e consagra a respetiva pena. Judicializar a política, ainda que tenha sido por desconhecimento do valor jurídico das palavras utilizadas, demonstra falta de argumentos políticos, precipitação e impreparação em doses elevadas. A SATA já foi objeto de inúmeros debates no Parlamento e de duas comissões parlamentares, cujos relatórios são públicos. Pelo que é aconselhável a leitura atenta dos mesmos. Acresce que pedir um “cartão vermelho ao Governo” também demonstra desconhecimento das regras do futebol. Alguém devia dizer-lhe o que acontece a um jogador que pede cartão a outro(s)... Vamos agora ao conteúdo. Gaudêncio, como sempre, não aponta soluções (terá abandonado a ideia da privatização de 51%?!) e limita-se a verbalizar as contas (mal) feitas por outros e, vai daí, a imputar ao Presidente Vasco Cordeiro a responsabilidade por 200 milhões de euros de prejuízos na SATA. Esta imputação incorre, objetivamente, em inúmeros erros, pois despreza o simbolismo de ter a bandeira dos Açores a “voar” pelo mundo; desmerece o papel decisivo da companhia para os Açores; não tem minimamente em atenção o seu peso na economia açoriana; confunde propositadamente o papel do acionista com as funções e responsabilidades da administração e atira para o ar umas contas que estão à imagem daquele merceeiro que só sabia somar. Somava, somava, até que os clientes sumiram... Acontece que a SATA, por muito merceeiro especialista em somas que assim a entenda, não é uma mercearia. A SATA é “A” empresa dos Açores. Não é uma mera mercearia da rua direita!