Muita coisa está em causa nas próximas eleições europeias. A futura composição do parlamento europeu influenciará a forma como a união europeia abordará os muitos desafios que enfrenta. Há, e não vale a pena escamotear, forças que lutam, dentro da própria união, para que esta se reduza a uma equação de mínimo denominador comum, deixando cair princípios fundacionais como são a coesão económica e social, o Estado Social e a livre circulação de pessoas e bens. Estas são questões que nos dizem muito respeito. Pois, como bem sabemos, enquanto beneficiários das políticas de redução de assimetrias europeias, as medidas de coesão têm dado um contributo decisivo para o desenvolvimento da nossa região, mitigando as dificuldades estruturais com que nos temos debatido ao longo da nossa história.
O primeiro desafio é assim político, e de nível europeu. Mas o seu desfecho está também nas nossas mãos. O voto de cada açoriano ou de cada açoriana vale tanto quanto o voto de um Alemão ou de uma Alemã ou de um Francês ou Francesa para definir não só o Parlamento Europeu mas também o(a) futuro(a) presidente da Comissão Europeia e a equipa de Comissários.
Um desafio, que resulta das escolhas que já foram feitas, e que terá incidência nos Açores, é o da representatividade das Regiões Ultraperiféricas (RUP) no Parlamento Europeu. O PSD/Açores não foi, lamentavelmente, caso único no desguardo desta salvaguarda. É que se forem eleitos os candidatos que as sondagens recentes apontam haverá uma redução dos deputados oriundos das RUP, de 9 para 7, sendo um destes últimos de difícil enquadramento pois trata-se de uma deputada da região ultramarina francesa de Reunião, incluída na lista da Frente Nacional (agora denominada “reagrupamento nacional”). Foram os deputados oriundos das RUP que ao longo da legislatura que agora termina impulsionaram a discussão e aprovação de um conjunto de medidas significativas destinadas àquelas regiões: pressionaram a Comissão para que se operasse uma reversão nos cortes no POSEI; propuseram um relatório acerca do art.º 349.º do Tratado de Fundação da União Europeia, defendendo uma maior abrangência daquelas medidas e impulsionaram a nova configuração do FEAMP, reforçando a posição das RUP.
Continuar a afirmar as RUP num cenário de menor força parlamentar é o desafio que espera o único candidato oriundo dos Açores. O André Bradford é um político com vasta experiência no governo e na Assembleia Legislativa Regional dos Açores, que esteve ligado a dossiês internacionais. Foi membro do Comité Permanente da Conferência de Presidentes das RUP, representante suplente da Região na Assembleia das Regiões da Europa e na Conferência das Regiões Periféricas e Marítimas da Europa. Entre 2005 e 2008 representou a Região na Comissão Bilateral Permanente do Acordo de Cooperação e Defesa entre Portugal e os EUA. Estou certo que com a sua experiência e competência representará com zelo e com diligência os diversos interesses regionais em Bruxelas. Será, como bem diz, a voz dos Açores em Bruxelas.
Pelo que pude fazer e entender ao longo dos últimos cinco anos sinto-me hoje mais europeu do nunca. Acredito que o futuro da Europa passa pelo aprofundamento da União. Apelo a que votem no próximo dia 26. Votem pelo futuro da União, votem na definição do nosso futuro coletivo. ♦