Opinião

A Força do Lorenzo contra a força da solidariedade

O Furacão Lorenzo chegou aos Açores e deixou bem patente o seu rasto de destruição um pouco por todas as ilhas, mas principalmente nas ilhas do Faial, Flores e Pico, com prejuízos identificados na ordem dos 330 milhões de euros. Não obstante, é de salientar todo o trabalho prévio que antecedeu a chegada daquela intempérie. O desempenho do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros foi exímio antes, durante e após, tal como reconhecido pela maioria das pessoas e das entidades envolvidas, sejam elas públicas ou privadas. O trabalho de prevenção, sinalização e articulação entre Forças de Segurança, Corporações de Bombeiros, Forças Armadas, Autarquias, serviços da Administração Regional e Local e as próprias populações – sim, porque a proteção civil começa em cada um de nós - permitiu o mais importante de tudo, isto é, a não existência de vítimas humanas. No Faial, foram bem visíveis as marcas deixadas pelo Lorenzo, nomeadamente nas freguesias de Angústias, Feteira, Castelo Branco e Capelo, com estragos bem visíveis na orla costeira e zonas balneares e, sobretudo, em habitações e espaços comerciais, onde os seus proprietários viram a força do mar causar inúmeros danos materiais. Neste contexto, é igualmente de enaltecer todas e todos os faialenses que, de forma voluntária mas comprometida, disponibilizaram-se no imediato para auxiliar aqueles que se viram confrontados com situações de maior dificuldade, nomeadamente aqueles que foram obrigados a abandonar a sua habitação e a vê-la fustigada e danificada pela força da natureza. Esse gesto diz muito sobre a capacidade de um povo em demonstrar-se solidário para com os seus concidadãos em momentos de particular dificuldade. Agora é tempo de reerguer, reconstruir e devolver a esperança a quem, por momentos, a perdeu. O Governo Regional - a quem cabe a condução de todo este processo – agiu com rapidez e celeridade tendo, passados doze dias da intempérie, já identificados os prejuízos, e, acima de tudo, tomado as medidas necessárias para fazer face aos mesmos. É certo que será fundamental a solidariedade do Estado Português e da União Europeia para cobrir tão avultados custos materiais, mas isso não inibiu Vasco Cordeiro de tomar medidas de âmbito regional para resolver, no imediato, a vida das pessoas. São elas a criação de um regime de apoio excecional, que pode ir até 100% do valor dos estragos destinados aos agregados familiares que se encontrem em situação comprovada de carência de recursos em termos de habitação; a criação de um apoio extraordinário, correspondente a 75% das despesas elegíveis, para equipamentos de apoio à pesca, na parte não comparticipada por seguros ou não objeto de cobertura; a comparticipação até 75% do montante dos estragos verificados em produções e infraestruturas agrícolas e o apoio às empresas de comércio e serviços até 75% das despesas elegíveis em termos de equipamentos, instalações e mercadorias. É certo que o trabalho não se esgota nestas medidas, é preciso fazer um acompanhamento pormenorizado das situações até que as mesmas estejam ultrapassadas mas a rapidez com que os critérios e o regime para atribuição de apoios a cidadãos e empresas, afetadas por esta catástrofe natural, foram definidos e aprovados, revelam a competência de um Governo que, perante uma situação calamitosa, mostra-se capaz de enfrentar os desafios do seu povo. Todos temos consciência que estes processos não são fáceis dada a sua sensibilidade, mas este é mais um motivo para nos unirmos e concentrarmo-nos naquilo que é essencial: as pessoas.