Opinião

A ATUALIDADE E AS SUAS EXIGÊNCIAS

Atualmente, o mundo apresenta-se de tal modo instável que o ser humano chega a parecer louco, pois o que ontem era verdade, é hoje posto em causa, e todas as barbaridades parecem ter cabimento, obrigando-nos, muitas vezes, a perguntar: em que mundo vivemos? Sou uma mulher do 25 de Abril e sonhei e lutei pela nossa autonomia, pela esperança de ser livre, de votar, pela igualdade de género e de oportunidades. Considero-me realizada e até hoje sempre fui respeitada, mas preocupo-me com o mundo atual, com a prepotência de uns e a soberba de quem se considera mais evoluído e na moda, porque estar na moda é ser defensor dos animais, embora essa defesa pareça não incluir todos os seres vivos. Fui habituada a enfrentar todo o tipo de problemas, respeitando sempre o ser humano, já que a preocupação com o próximo, um dos valores mais profundos que a minha mãe me transmitiu,foi a base da minha educação. Cresci rodeada de sabedoria popular, de atividades agrícolas, de cães, gatos, porcos, galinhas, coelhos, gado manso e gado bravo e percebo, por isso, as gerações que sempre viveram numa casa de lavoura, criando animais para deles se alimentarem e para alimentar quem agora, dizendo-se progressista, evoluído e amigo dos animais, menospreza e ignora a verdade da cadeia alimentar e da sobrevivência humana. Pertenço à terceira geração de ganadeiros de gado bravo e as minhas raízes levaram-me a respeitar e a apaixonar-me pela sua criação, garantindo que nada falta aos animais em termos de alimentação, saúde e evolução genética, e mantendo duas linhas de animais, uma para a Praça e outra para a Corda. Dizer que a tauromaquia é uma demonstração de falta de avanço civilizacional demonstra bem a falta de conhecimento sobre o exigente trabalho de um ganadeiro e sobre o respeito que nutre pelos seus animais. Numa demonstração da crescente e atual falta de valores, usam-se as redes sociais para maltratar pessoas em nome da defesa dos animais e exigir um pensamento uniforme, sem qualquer conhecimento de causa e efeito e esquecendo, sobretudo, que uma cidadania ativa, participada e responsável não pode passar pela ofensa e pela afronta. Quem se julga mais evoluído intelectualmente, mas esquece os valores intemporais que, basicamente, se resumem a amar e respeitar o próximo, independentemente de com ele se concordar ou não, não contribuirá em nada para o verdadeiro avanço civilizacional que passará, sobretudo, pela educação para a tolerância. Deputada PS, ALRAA