Nesta última semana foi debatido na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores o Plano e o Orçamento Regional para 2020. À hora que escrevemos este texto ainda não tinha havido votação final global dos documentos em análise, mas das intervenções finais dos líderes dos grupos e representações parlamentares já era possível antever, com margem razoável de segurança, o sentido de voto de cada Partido. Margem essa que ficou ainda mais garantida com a intervenção final do Presidente do Governo dos Açores. Num discurso com olhos postos no futuro, onde se regista a humildade de reconhecer o que não correu como se previa, ficou para a posteridade a visão do exercício do poder por parte de Vasco Cordeiro. Sem quaisquer tipos de rodeios ou pruridos, o Presidente fez diversas referências elogiosas ao CDS-PP e ao PCP. Estes Partidos, ao contrário da postura sempre pelo lado negativo e mais fácil, ainda que irresponsável, da crítica pela crítica que norteia o PSD, aceitaram o repto que havia sido lançado para um diálogo profícuo no sentido de serem encontradas soluções para melhorar os documentos propostos pelo Governo. Assim, ficou evidente quem pensa primeiro nos Açores e quem, apesar das responsabilidades que deviam ser inerentes a quem pretende um dia voltar a ser poder, continua a pensar no seu umbigo e interesses específicos. Os Açorianos ficaram, deste modo, mais uma vez a saber que o “ódio” crescente ao Governo por parte do PSD tolda-lhes o que devia ser o foco central de qualquer partido: lutar pela melhoria das condições de vida dos seus concidadãos. Mas, tal como referiu Vasco Cordeiro no seu discurso, esta opção pela omissão e ausência na busca de soluções e resolução de problemas, é totalmente legítima. Tal como é legítima a opção dos partidos que, responsavelmente, dizem presente ao futuro dos Açores. O que já não é legítimo é, acrescentamos nós, pretender que os outros partidos da oposição sigam os errados passos do PSD. Mas ainda bem que as tentativas têm sido, consecutivamente, falhadas. O CDS-PP e o PCP optaram e bem, tal como em anos transatos, em ficar no lado das respostas. Do lado dos Açorianos. E não, como seria até mais cómodo, do lado de quem vota contra, apenas e só pela proposta vir de um Governo suportado pelo PS! Mas este Orçamento não é só sinónimo de diálogo. Este Orçamento responde às Açorianas e Açorianos. Este Orçamento permite que se continue na senda da redução gradual da taxa de desemprego. Este Orçamento permite que se continue a aumentar a população ativa. Este Orçamento permite aumentar os rendimentos e pensões de quem ainda não aufere uma remuneração adequada. Este Orçamento permite aumentar os apoios sociais aos idosos. Este Orçamento permite aumentar os apoios às famílias com crianças e jovens a seu cargo. Este Orçamento permite melhorar o Serviço Regional de Saúde. Este Orçamento permite incentivar o aumento do investimento privado. Este Orçamento permite fomentar uma Região mais sustentável. Este Orçamento, em suma, permite o seguinte: que os Açorianos e Açorianas saibam que podem continuar a contar com o PS na defesa intransigente dos seus legítimos anseios.