O populismo, na sua forma mais dura e pura, anda nas bocas do mundo pelas piores razões, como fica bem patente nas notícias que nos entram pela casa através dos diversos meios de comunicação e outras plataformas digitais, onde se incluem as, também muito faladas, redes sociais.
O conhecimento e o acesso à informação são bens preciosos, para que não restem quaisquer dúvidas, sendo, sobretudo, instrumentos fundamentais de suporte das sociedades democráticas, mesmo existindo certos riscos, nomeadamente nas redes sociais, onde se inclui a divulgação de notícias falsas ou a promoção de populismos exacerbados.
E não se pense que o populismo anda só lá por fora. Anda também por aqui e tem sido uma arma utilizada por alguns sem qualquer pudor.
O fundador do Partido Livre, Rui Tavares, disse, em certo momento, “Os populistas não são o povo. Os populistas escondem-se atrás do povo. Usam o povo, mas não querem saber do povo para nada”.
Muito embora não concorde com o político acima referido em muitas matérias, sobre esta questão, em concreto, subescrevo na integra o seu pensamento.
Num jornal de distribuição nacional, a este mesmo propósito, podia reter-se que ser populista nada tem a ver com a ideologia, muito menos com o facto de ser de esquerda ou de direita, sendo antes um autêntico vazio, preenchido apenas de acordo com as suas necessidades eleitorais.
É neste contexto que, sempre que surge uma brecha que permita a cobertura mediática, há quem se aproveite das fragilidades ou ansiedades de franjas do eleitorado para faturar sem se importar com o que vem a seguir, muito menos se o problema fica, ou não, resolvido.
Nestas coisas da política, o mais fácil é falar e aparecer. Resolver é o que dá trabalho e normalmente não dá visibilidade.
Dou razão ao Rui Tavares: os populistas usam o povo, mas lá no fundo não querem saber do povo.
Graciosa, 09 de janeiro de 2020.