Na semana anterior à declaração de Estado de Emergência pelo Presidente da República, surgiu um curioso debate, com uma expressão qualitativa relevante, a contestar a decisão da Igreja católica de encerrar os templos ao culto.
As medidas de confinamento social tomadas pelas autoridades e que estão a atingir toda a sociedade eram absolutamente necessárias. O imperativo é salvar vidas humanas, não é gerar divisões nem reprimir a fé de ninguém.
O Clero compreendeu a necessidade da Igreja cumprir a sua parte e com isso deu um sinal muito importante de serenidade, de responsabilidade e de solidariedade.
A Igreja nos Açores está a dar um exemplo de adaptação à crise, recorrendo às tecnologias de informação para transmitir missas e outros sacramentos. Até a imagem do Santo Cristo pode ser venerada através da internet.
Um dia, as coisas voltarão ao normal. Todos poderão regressar aos seus templos. Até lá, a Igreja deve preparar-se para enfrentar uma Semana Santa e mesmo a Festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres em condições atípicas.
Os crentes mais conservadores temem que essa capacidade de adaptação da Igreja a estes tempos de pandemia possa implicar, passada a crise, outras mudanças, em linha com padrões comportamentais da sociedade contemporânea a que a instituição tem procurado resistir.
Este debate não será novo. Surgirá naturalmente e pode até ser positivo e fecundo, desencadeando reformas que se aguardam há muito tempo.
É compreensível que alguns crentes manifestem pesar pelo facto de numa circunstância tão angustiante e inquietante os seus templos estarem fechados.
Porém, a atual circunstância apela à união de todos, ao apoio às instituições que nos dirigem e a que cada um cumpra, responsavelmente, o seu papel na luta contra a pandemia.
Este não é o momento de criticar uma decisão acertada.