Opinião

A Tentação

As eleições deram a sétima vitória consecutiva ao PS-Açores. O Partido vencedor perdeu, porém, a maioria absoluta no Parlamento dos Açores, o que desde logo coloca uma questão de governabilidade da nossa Região, algo que não é de somenos, sobretudo nos conturbados tempos pandémicos que o Mundo vive.

O PSD visível mostrou-se logo disponível para formar Governo, com o argumento de que a “direita” tem mais um deputado no Parlamento. O que implica não só uma autocolocação ideológica desse Partido, como um re-conhecimento de outros, também no sentido de semelhanças que permitam acordos. O mesmo é dizer que, com vista a conquistar o Poder, o conceito de direita do PSD elastifica-se generosamente e chega longe. Perigosamente longe. Para a Democracia e para a Autonomia. É que tal reconhecimento, inédito a nível nacional, implica pactuar com um conjunto de procedimentos e substância política, em derrube das linhas vermelhas que qualquer formação democrática, mesmo de direita, tem que colocar em defesa da Democracia, da igualdade, da paz social, da tolerância e do Humanismo…

Depois, o Partido que gosta de se reclamar como fundador privilegiado da nossa Autonomia Democrática poderá governar uma Região Autónoma dependente do Partido assumidamente mais anti-autonomista, que esconde os seus símbolos e a omite hostilmente no seu Programa? Se se derrubam alguns interditos, é porque vale tudo pela conquista do Poder! De resto, e por falar em Autonomia, a forma como dirigentes nacionais de alguns Partidos, de várias direitas, têm falado do futuro imediato dos Açores denota um inegável complexo colonial e o espezinhar de qualquer autoregulação das suas estruturas regionais!

O PS-Açores tem assim o direito e o dever democráticos de tudo fazer para lograr o consenso parlamentar que permita governar a Região, com estabilidade, prosperidade e paz social.