As eleições presidenciais que se aproximam, não obstante terem um vencedor anunciado, têm permitido todo o tipo de análises por parte dos comentadores, politólogos e especialistas políticos que proliferam na nossa praça. Vai daí, ainda que não me enquadre em nenhum desses rótulos, também decidi opinar, mais detalhadamente, sobre as próximas presidenciais. Faço-o sob dois prismas ou ângulos. O primeiro diz respeito aos candidatos. O segundo reporta-se às “entrevistas” realizadas aos candidatos. Ambos, salvo melhor opinião, merecem a devida atenção de quem de direito. Comecemos, então, pelos candidatos - existentes em todos os partidos políticos - que apelido de paus para toda a obra. A lei, bem sei, permite tal sucessão de candidaturas. Mas, em política, a lei não é o farol que conduz primeiramente a atuação de qualquer servidor público. Ou melhor, para não ser acusado de tremenda ingenuidade, não devia ser para todo e qualquer candidato a cargo público. E a verdade é que, infelizmente, há demasiados políticos a terem o código penal como o guia e farol da respetiva atuação, em vez da ética e da moral. Mas isto é assunto para outro artigo. Neste caso, trata-se, acima de tudo, de desrespeitar os eleitores. O que não é matéria de somenos. Antes pelo contrário. Por isso, não consigo perceber a opção, seja dos próprios ou dos aparelhos partidários, pelos candidatos “repetidos” a vários tipos de eleições num curto período temporal. Nestas eleições, temos 3 candidatos que ainda há pouco mais de um par de meses estavam a pedir votos para alcançarem o mandato para outros órgãos. Como todos sabem, André Ventura é deputado na Assembleia da República e Marisa Matias e João Ferreira são deputados no Parlamento Europeu. Agora, em nome de interesses mais ou menos conhecidos, aí estão como candidatos a inquilinos do Palácio de Belém. Daqui a dias serão, provavelmente, candidatos às eleições autárquicas. O que, em abono da verdade, não seria novidade para os candidatos André Ventura e João Ferreira. Ambos, relembre-se, foram candidatos nas autárquicas de 2017. Ventura, à data militante do PSD e com o apoio do PPM, avançou em Loures. João Ferreira, apoiado pela CDU, foi candidato a Lisboa. Nada disto faz sentido! Mas é o que há... Até que a lei, fundamental ou eleitoral, seja alterada. Passemos agora, ainda que de forma mais abreviada, ao prisma das “entrevistas” conduzidas por jornalistas que não levam o guião certo. Refiro-me, em concreto, às entrevistas efetuadas aos candidatos presidenciais pelo jornalista João Adelino Faria. É certo que uma entrevista quer-se viva, com dinâmica, com conteúdo e com astúcia nas perguntas. Mas, infelizmente, não tivemos nada disso. Aliás, a performance do Jornalista, nas aludidas entrevistas, configura tudo aquilo que um jornalista não deve fazer. Tudo, mesmo! O protagonismo não é, nunca pode ser, do entrevistador. Tal como não faz sentido disputar, taco a taco, o tempo da entrevista com o entrevistado. O anúncio (enganador) da RTP fazia referência a entrevistas, mas na verdade assistimos a verdadeiros debates… Sem moderador. Sem objetividade. Sem espaço para o entrevistado responder. Sem respeito pelos eleitores. Resumindo... Sem nada! Por isso, talvez tenha sido esta a principal razão para o candidato Vitorino Silva não ter sido contemplado pela RTP. É que ainda sugeria ao sr. Jornalista… algum “tino”.