É com esta frase em pequenas placas de madeira, tipo balões, como quem conversa para quem aprecia, que o concelho de Lousada está a informar os cidadãos do porque de não cortar a relva dos espaços públicos.
Deixar crescer a vegetação espontânea em parques e jardins, separadores ou bermas de estradas, canteiros municipais, rotundas e em bordaduras de edifícios para proteger os insectos polinizadores, estimulando a biodiversidade que nós todos os dias, encarregamos, com a nossa pressão, de degradar, é uma das mais incisivas e estruturais políticas ambientais.
Não é uma tomada de decisão de asfaltar uma via; ou de construir um edifício público ou de mais um porto, mas são decisões para além do betão, para além da fita e da fotografia.
São aquelas que concorrem para os tão necessários serviços do ecossistema.
Onde nos posicionamos? Quais as opções das autarquias e juntas de freguesia? Precisamos de outros caminhos, muito para além do cortarmos a relva dos espaços públicos e instalarmos fontes de água em rotundas.
O poder público municipal na sua gestão ambiental na relação com o cidadão, como incentiva a existência de espaços públicos e privados para os polinizadores e hortas urbanas privadas ou a captação e aproveitamento das águas pluviais?
A avaliar, por exemplo, pela conta da água, com uma inconcebível relação direta aos resíduos, que é astronómica, e que não incentiva o uso sustentável de água e a separação de resíduos. A título de exemplo, nos últimos 100 anos, as actividades humanas multiplicaram a extinção de espécies por 50-1000. No relatório da ONU publicado em 2019, os cientistas alertaram que um milhão de espécies, num total estimado de 8 milhões, estão em vias de extinção. Dados que nos forçam à reflexão.
Há muito a fazer, com poucos recursos, para além dos planos, e das promessas de Cidades Sustentáveis e “juras de amor” aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, para contribuir para o equilíbrio dos ecossistemas. Um bom início seria o de dar as boas-vindas às polinizadoras urbanas e a rentabilização dos recursos naturais por cada cidadão integrada numa definição municipal de gestão da biodiversidade.