Opinião

Cinco propostas urgentes para o combate à pandemia e para a retoma económica dos Açores

Reiteramos aqui cinco propostas de aplicação urgente para combater os impactos da COVID-19, na área da Saúde e para a retoma económica, que nos permita minimizar os impactos económicos e sociais da pandemia, quando passam 14 meses do início deste flagelo pandémico que condiciona fortemente as nossas vidas.

Estas propostas têm mais relevância, numa altura em que o processo de vacinação decorre com vários problemas e se adivinha um aumento de entrada de pessoas na Região nos próximos tempos.

1ª – Ao nível do rastreio e monitorização dos casos positivos, é fundamental retomar um rastreio ao nível das cadeias de transmissão e de inquéritos epidemiológicos, assegurando-se assim a definição de medidas muito mais focadas, cirúrgicas, dirigidas especialmente às situações em que existem cadeias de transmissão. A este propósito recorde-se que, no final do ano passado, o actual governo decidiu assumir a transmissão comunitária, deixando de identificar cadeias de contágio e cadeias de transmissão activa, decisão que nos parece errada e que tem provocado vários problemas e incapacidade de monitorização de casos específicos que carecem de tratamento específico e diferenciado;

2ª – O processo de vacinação pode e deve decorrer com mais coordenação e velocidade. Recentemente soubemos que a narrativa do actual governo sobre a falta de vacinas é falsa. Não há falta de vacinas, há sim falta de capacidade de coordenação e de logística. Neste âmbito, reiteramos a importância de ser o Serviço Regional de Protecção Civil e Bombeiros dos Açores a coordenar o processo, pelos meios, competência e conhecimento do terreno que possui.

3ª – Ainda no âmbito da vacinação, deve ser avaliada a possibilidade das farmácias dos Açores poderem administrar vacinas. O efeito que pretendemos alcançar com esta proposta, a ser concretizada, é de um aumento exponencial da capacidade de vacinação. O Governo tarda em contratar mais enfermeiros para apoiar no processo de vacinação, escudando-se em argumentos formais sobre a não publicação do orçamento regional, o que constitui uma contradição, tendo em conta que já este ano, e sem orçamento publicado, aproveitando os processos já preparados pelo anterior governo, foram contratados enfermeiros. No entanto, enquanto não existe reforço destes profissionais, as farmácias poderiam e deveriam dar esse apoio; A capacidade de retoma económica e de normalização da nossa vida colectiva é indissociável da capacidade de cobertura da vacinação.

4ª – No âmbito da retoma assistencial no Serviço Regional de Saúde, na estratégia que não tem que ver com as respostas COVID-19, é fundamental priorizar as doenças do foro oncológico, mas também as doenças do foro mental, para além de todas as outras em que o tempo de resposta é fundamental. Ou seja, patologias em que a capacidade de diagnosticar cedo, pode ser determinante para a forma como evoluem e para as consequências que podem ter;

5ª – No âmbito da retoma, é urgente um planeamento específico para a retoma económica na nossa Região, especialmente, naquilo que tem a ver com o setor turístico, sector que pode alavancar no imediato as nossas dinâmicas económicas. A definição de calendários, de alertas, que nos parecem essenciais nesta fase, para que, num momento em que cada vez mais a evolução a nível nacional e internacional, liberta outros mercados concorrenciais com os Açores, do flagelo da pandemia, ou pelo menos, permite a abertura dos seus mercados, a Região também se possa posicionar neste setor e nesta retoma essencial. Além destas cinco medidas conjunturais e urgentes, deve ser desenvolvido já um plano estrutural de apoio global à economia.

O tempo tem de ser de proactividade.

É fundamental que o actual Governo e os partidos que o apoiam abandonem a estratégia de estar sempre a falar no passado, para não falar no presente e no futuro. Porque é o futuro que agora interessa…