Há muito que não é! Desde ontem com a apresentação em Lisboa na Digital Assembly do movimento Digital for a purpose, que tem como desafio que cada empresa e entidades públicas aderentes ao movimento se interrogue sobre qual será o seu papel na conceção de uma sociedade digital através da inovação e da tecnologia digital para a mitigação das alterações climáticas. O chamamento da civic tech é essencial.
As empresas apresentam-se perante um desígnio planetário: a sustentabilidade ambiental por via da digitalização dos processos e instrumentos de “hoje” com criação de valor no negócio “ontem”.
Enquanto se caminha (lentamente) para o cumprimento do Acordo de Paris, dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU para 2030, a Década Digital, o Programa Europa
Digital ou da neutralidade carbónica em 2050 (cansados de ler? imagine-se o descanso enquanto sociedade se conseguirmos atender às metas definidas por estes instrumentos estratégicos!), precisamos, individualmente e colectivamente, nos consciencializar dos desafios, e, para tal, são necessários que estes tenham objetivos tangíveis.
Quais os resultados das inúmeras bandeiras políticas europeias e nacionais para 2000, 2010 e 2020? Aos chavões exigem-se monitorização, quantificação e avaliação.
Muito mais do que um chavão para a comunicação política e pública, a transição digital e a sustentabilidade ambiental são verdadeiros desafios planetários. Pelo que, há que publicar e publicitar onde estamos, para onde vamos e qual o “veículo” para as alterações que se impõem, quantificando periodicamente os resultados alcançados ou não.
A economista Kate Raworth desenvolveu o conceito de Economia Donut, simbolizando uma estrutura visual para o desenvolvimento sustentável, em que valores como saúde, educação e equidade (estão no orifício do donut) são comprometidos quando os limites planetários (na borda do donut) são ultrapassados.
Para mitigar essa ultrapassagem, a economia digital apresenta-se como uma das respostas rumo a um desenvolvimento sustentável, onde a velocidade de acesso à informação fará toda a diferença - pelo que é inexplicável o atraso no processo de 5G em Portugal. O ambiente, por sua vez, é um bem.
A conjugação dos processos de aceleramento digital e desaceleramento das alterações climáticas gerará um melhor ambiente para todos. Uma melhor casa comum. Pois que assim seja, por mais improvável que possa parecer esta combinação.