Opinião

“Já mudavas o registo…”

A frase que dá título a esta crónica foi dita, pelo menos assim interpretei, em tom de brincadeira. O seu autor, amigo de longa data, ainda que politicamente próximo do maior partido da coligação, conhece-me demasiado bem para ter qualquer intenção política inerente à tal “boca”. Mas, como já me chegou aos ouvidos frases de teor idêntico, e essas sim ditas com outros propósitos, achei por bem ser este o momento certo para dizer qualquer coisa. Até porque, infelizmente, estamos a presenciar uma caça às bruxas em diversos departamentos da Administração Pública e do setor público empresarial, a que se juntam pressões, recadinhos e até ameaças a presumíveis candidatos às eleições autárquicas que se aproximam a passos largos. Pois bem, sendo o mais direto possível, aconselho que não percam tempo comigo. O registo, apesar de não ter patente, é meu. Continuarei a escrever sobre o que entender, na data que entender e em total liberdade. Os temas dos artigos de opinião são escolhidos por mim, sendo que o guião dos mesmos é dado pela minha consciência.  É assim que considero que deve ser a participação na vida pública. E é assim que continuarei por aqui. Tal como foi sempre assim que pautei a minha participação na vida política. Os meus amigos, os verdadeiros amigos, costumam brincar com algumas opções que tomei. Dizem-me que costumo optar pelo lado errado. Esta “acusação” tem muito a ver com tomadas de posições internas. Primeiro, e ainda nas Lajes do Pico, por não ter aceite o rumo que outros queriam que eu seguisse. Fiz um mandato na Assembleia Municipal e saí pelo meu pé. Depois, surgem as famosas disputas internas entre o António José Seguro e o Francisco Assis e, pouco tempo passado, entre o António José Seguro e o António Costa. Estive sempre do lado do António José Seguro. Uns tempos depois, fui crítico da opção pela “geringonça”. Nas autárquicas de 2017, enquanto membro do secretariado da secção do PS de Ponta Delgada, critiquei a opção tomada e justifiquei, cara a cara, as respetivas razões. Mais recentemente, nas eleições presidenciais, fiquei do lado da camarada Ana Gomes. Em todos estes casos, que fundamentam a tal “acusação” de ter ficado do lado errado, agi, única e exclusivamente, em nome da minha consciência. E quem age em respeito pela sua consciência nunca, nunca, está do lado errado. Naqueles momentos, em cada um deles, fiz o que entendi ser o mais correto. Sem qualquer medo. Sem pensar o que diriam alguns. Sem olhar para o lado ou para trás. E é assim que continuarei… A optar, livremente, por um dos lados. Reconheço que, por vezes, é muito mais apelativo ficar do lado do presumível vencedor. Ou, como se diz no Pico, ficar em cima da parede a ver para que lado ela cai. É uma opção comodista. Para mim, pura e simplesmente, não é opção. Sigo a máxima que ouvi dos mais antigos: “água morna nem para chá serve.” E por falar em chás, haverá algum para diminuir a comichão?