À data que escrevo, o concelho da Ribeira Grande é o único considerado em Alto Risco de transmissão do vírus SARS-Cov-2 nos Açores. Algo de diferente se passa, ou melhor, algo vai mal na Ribeira Grande para ser o único município dos Açores em Alto Risco, isto é, com mais de 100 casos por 100 mil habitantes e o segundo concelho do País com mais elevada taxa de incidência! Apenas Odemira apresenta uma incidência maior. Este ranking, que até já foi pior, devia merecer a atenção de todos. Principalmente, daqueles que podem tomar decisões. Decisões essas que tardaram. Andámos, por demasiado tempo, a adiar o inevitável. Urge acelerar, a fundo, o processo de vacinação na Ilha de São Miguel e, principalmente, no concelho da Ribeira Grande. Há pouco tempo, este esforço seria dirigido apenas para a Vila de Rabo de Peixe. Agora, como decorrência da inação instalada, o referido esforço já terá de ser repartido com as freguesias da Matriz e Ribeirinha. Daqui a dias – se continuarmos apenas com notícias plantadas nos jornais relativamente a milhares de vacinas a administrar “brevemente” em São Miguel – as taxas de incidência serão preocupantes, não só nas 14 freguesias do concelho da Ribeira Grande, como também em toda a Ilha. A vacinação em massa, não sendo a cura para todos os males, é a chave essencial para travarmos a pandemia. É, pois, urgente, deixar a politiquice de lado e fazer o que tem de ser feito. O PS, através do Presidente Vasco Cordeiro e de outros dirigentes, sinalizou os erros que estavam a ser cometidos e defendeu uma mudança de rumo. Esta posição foi vista, pelo Governo, como um ataque político e um aproveitamento da pandemia para fins eleitorais. Nada mais errado. Estava em causa, apenas e só, o interesse geral. A defesa da saúde pública é uma causa de todos. Não é, portanto, exclusiva de quem nos governa. E a verdade é que o tempo entretanto decorrido veio dar razão a todos aqueles que defendiam uma mudança de rumo e de políticas e, por isso, registo com agrado o facto da    vacinação estar a avançar, também, na ilha de São Miguel. Lamento é o tempo que se perdeu, bem como os ziguezagues no percurso. O Governo optou por enredar-se em justificações pouco convincentes, quando o que se exigia era mais proatividade e menos reatividade. O tempo era de governar e não de politizar.  De fazer e não de desfazer os que apontavam o caminho certo. E isto aplica-se ao Governo Regional e ao poder local, designadamente, no caso da Ribeira Grande, à respetiva Câmara Municipal e Junta de Freguesia de Rabo de Peixe. Desde sempre se percebeu que era preciso maior presença das autoridades no terreno; era preciso mais informação e maior sensibilização para travarmos este maldito vírus; era preciso fazer cumprir melhor as regras sanitárias; e era preciso defender intransigentemente as famílias e os agentes económicas. Para tal, era preciso que a Ribeira Grande tivesse tido um Presidente à altura dos acontecimentos. Sem faltas de comparência, amuos ou subserviências bacocas na relação com o governo do companheiro Bolieiro. A Ribeira Grande não merece continuar nas notícias pela desastrosa estratégia de combate à pandemia. E muito menos merece ser notícia por motivos que aguardam decisões judiciais. É tempo de mudança! De políticas e de políticos! A Ribeira Grande tem de voltar a sentir orgulho!