Se na passada semana era notório que membros do Governo se puseram em sentido com as ameaças do chumbo do orçamento, esta semana confirma-se que alguns irão mesmo marchar de lá para fora.
Bastaram apenas dois dias úteis da votação do Orçamento para se perceber que mais um Diretor Regional já está de saída (o terceiro em dez meses) e que esta coligação já está a preparar uma remodelação profunda do atual Governo.
Há doze meses os mesmos que defendiam ter um Governo capaz de mudar para melhor a governação dos Açores são os mesmos que agora consideram que este Governo já não serve e por isso precisa ser mudado.
Esta coligação ao preparar uma remodelação assume duas coisas: assume que não está a servir adequadamente os Açores e os açorianos e assume que efetivamente cedeu em toda a linha nas negociações para o orçamento.
Entre uma remodelação por considerarem que estão a governar mal e uma remodelação só para garantirem a aprovação de um orçamento e se manterem no poder, não é difícil perceber qual a pior. Entre a humildade democrática e a defesa dos interesses açorianos e a manutenção do poder só porque sim, não deveria ter sido difícil a tomada de decisão.
É que em ambos os casos o futuro não traz nada de bom. Se por um lado é mau demais haver uma opinião generalizada de que os destinos dos Açores não estão em boas mãos, por outro lado temos esses mesmos destinos a serem moeda de troca em negociações.
Caros ouvintes, termino esta crónica com duas questões: foi para isso que votamos há um ano? É desta instabilidade que os Açores precisam? Não me parece…
(Crónica escrita para Rádio)