A "libertação" ainda não chegou. É verdade que Portugal se esforçou e foi um dos campeões da vacinação para a Covid-19. É inegável, apesar de tudo, o sucesso da vacinação, ao nível da doença grave, dos internamentos, sobretudo em UCI, e da letalidade da doença.
Mas a sazonalidade do vírus, com o surgimento de uma nova variante, colocou-nos em alerta. Prova imorredoira de que uma vacinação à escala global não será só generosidade dos países mais ricos, mas uma imposição para defesa de todos.
Voltarão assim a colocar-se, num mundo mais informado, mas também mais farto e impaciente, os problemas económico-sociais, mas também de liberdades versus imposições sanitárias. Uma política de verdade e transparência por parte das autoridades continua a ser absolutamente necessária: quantos infetados, quantos internados, vacinados ou não vacinados, que escalões etários, etc.
Também nas estatísticas de vacinação. Sobretudo com a chamada dose de reforço, é fundamental esclarecer. Fica-se com a sensação de que a informação sobre o estado de coisas nos Açores tem vindo a escassear ou começa a ser insuficiente.
Como uma praga nunca vem só, é preciso reforçar os bons exemplos, de eficácia, de ética e de confiança nas autoridades e naqueles que detêm o poder político, ou são dele importantes protagonistas. Por cá, a aprovação do Plano e Orçamento teve contornos de filme italiano classe B. Em Lisboa, essa aprovação não foi, e temos eleições a 30 de janeiro. Pelo mundo, a televisão pública da Venezuela apostou numa série animada em que o herói é o super-bigode (a carinha de Maduro), que vence sempre o satã americano.
Convém que por cá, em todo o espectro político, não se chegue a tanto. E que os princípios democráticas e da velha ética republicana, meritocrática e igualitária continuem a prevalecer!