O XIII Governo dos Açores, para além da medição de forças permanente (eufemismo para chantagens) entre os partidos e apêndices que o suportam, é pródigo em opacidade, confusões e em varrer assuntos para debaixo do tapete. Com um ano de vida são variadíssimos os exemplos. Para não ser demasiado exaustivo, vejamos as mais recentes trapalhadas:
I – Agendas mobilizadoras
Após um processo inspirado em velhas práticas da “economia de mercado à soviética” e que deixou abandonado à sua sorte o Secretário Regional das Finanças, Bolieiro, em finais de outubro, viu-se obrigado a vir a terreiro assegurar que em nome da defesa da transparência e de uma melhor comunicação “as candidaturas às agendas mobilizadoras vão começar de novo […] e que a Região não vai perder um cêntimo dos 117 milhões de euros”. Acontece que no passado dia 1 dezembro, segundo noticiado pela Antena 1 Açores, as candidaturas de algumas empresas açorianas não foram retiradas do processo das Agendas Mobilizadoras, como anunciara Bolieiro. Em reação, o Presidente do Governo afirmou que “O Governo não tem responsabilidade nenhuma nesta matéria, desde logo o Governo Regional. Isso são impulsos da iniciativa privada.” Umas horas depois, ficámos a saber, através do Professor Mário Fortuna, que se tratava de um lapso…
II – Diretor Regional da Cultura
A RTP Açores noticiou, nos últimos dias de novembro, que o Diretor Regional de Cultura está de saída. Instado a pronunciar-se sobre a notícia, Bolieiro, não podendo dizer o que queria, referiu que “quando os factos forem uma realidade será por decisão, obviamente consertada, entre o Presidente e o membro do governo da tutela […]. Eu, enquanto Presidente do Governo, e com o membro do governo da tutela, é que faço o despacho de Exoneração.” Perceberam? O que o Presidente quis dizer foi que o diretor regional demissionário não sairá sozinho, mas que ainda não comunicou isso ao ainda membro do governo da tutela. Temos, portanto, um Diretor e uma Secretária a fazerem de “perús”…
III – Combustíveis
Na véspera do feriado de 1 de dezembro começou a circular nas redes sociais um anúncio relativamente a mais uma subida do preço dos combustíveis. Vinha aí o maior aumento dos últimos largos tempos. 5,9 cêntimos por litro na gasolina e 6,7 cêntimos no gasóleo. Como não havia qualquer previsão normativa para este significativo aumento, rapidamente choveram críticas quanto à gritante falta de informação, planificação e transparência. Fonte do Governo assegurou que seria “publicado um suplemento durante o dia de hoje [30 novembro] para que os preços atualizados entrem em vigor às 0 horas do dia 1 de dezembro.” A publicação apenas ocorreu no dia 2 de dezembro… com efeitos retroativos (?!!) às “zero horas do dia 1 de dezembro de 2021.”
IV – Conselho Científico para a Inovação Agroalimentar
No dia 14 de dezembro de 2020, o Governo nomeou o Professor José Matos para presidente do Conselho Científico para a Inovação Agroalimentar. Segundo nota do Governo na altura, este órgão “é um compromisso para com os açorianos e torna-se num modelo de política participativa, onde se reconhece com humildade, a necessidade de ouvir a sociedade.” Quase um ano depois, é noticiada a saída do ex futuro presidente. Motivo? O Senhor fartou-se de esperar… É que o órgão ainda nem passou da mera intenção! Não existe nada!