O título nada tem a ver com o recente debate televisivo entre António Costa e Rui Rio. Até porque, à semelhança do debate entre ambos realizado antes das legislativas de 2019, considero que Rio voltou a levar a melhor num equilibrado frente a frente. E por falar em debates, por forma a refrescar a memória de alguns esquecidos que rapidamente vieram agarrar-se à prestação de Rio como se fosse decisiva para inverter o presumível resultado final, convém referir a inequívoca e muito recente vitória de Medina frente a Moedas na disputa televisiva pela Câmara de Lisboa. Abertas as urnas, o resultado foi o que todos sabem. Portanto, como é usual dizer-se “os debates valem o que valem”. Tal como as sondagens. O veredito dos eleitores é nas urnas. Daí é que saem os vencedores e vencidos. Para tal veredito importa, pelo menos para mim, o que se escreve nos programas, o que se diz e o que se faz. E é aí, precisamente, que entra o elucidativo título deste texto. Refiro-me, em concreto, à visão de Costa e de Rio relativamente aos Açores. Rio optou por nem pôr cá os pés. Rio, com esta atitude, demonstra que a tristemente famosa frase – proferida a respeito do processo de exclusão de Mota Amaral da lista do PSD ao Parlamento Europeu em 2019 – de que “os Açores valem 12 mil votos […]. Não é uma fortuna”, não foi um mero erro. Rio, com a ausência de uma passagem pelos Açores, demonstra inequivocamente qual o seu pensamento sobre uma das Regiões Autónomas, sobre a Autonomia, sobre a solidariedade nacional e sobre a coesão territorial. Rio despreza mais uma vez os Açores. Despreza os Açorianos residentes nestas 9 ilhas. Despreza o candidato Paulo Moniz e demais lista. Despreza, por fim, os militantes que aqui lhe deram a maior percentagem de vitória (acima de 70%) na disputa interna com Rangel. António Costa, por sua vez, veio mais uma vez aos Açores. Deu a cara perante as suas ações e omissões (e houve várias nestes últimos anos). António Costa deu o pontapé de saída na campanha oficial nos Açores. O primeiro dia de campanha foi cumprido em São Miguel. António Costa aproveitou a vinda cá para nos falar de coisas muito importantes. Da obra feita e das propostas para o futuro do país. Da necessidade de continuar a crescer, a aumentar os rendimentos, a baixar impostos, a investir cada mais na saúde e educação, etc.. etc… Portugal não pode voltar para trás! Para isso, Costa fez muito bem em referir o papel do Chega na governação dos Açores. Sem o apoio e votos do Chega, a solução do governo dos Açores (denominada por mim “manta de retalhos”) não era possível. Os eleitores precisam saber, apesar das diversas versões já proferidas por Rio, que a direita só ascenderá ao poder com o apoio e os votos dos futuros deputados do Chega. Isto significaria um PSD dependente não só dos caprichos e amuos de André Ventura, como de alguma parte do seu arrepiante programa eleitoral. Por isso, é fundamental garantir a estabilidade de que o país precisa. Essa estabilidade só é possível, pelas razões que ficaram evidentes aquando do chumbo do orçamento para 2022, com um reforço de votação no PS no próximo dia 30.