Durante o decorrer da pandemia, com o fecho e a paralisação de alguns serviços por todo o mundo, para além do impacto que isto trouxe no decorrer daquele período, era previsível que isso traria dificuldades na retoma da economia.

A seu devido tempo, muitos economistas alertaram para este facto e a verdade é que os sintomas já se sentem com o aumento do custo de vida das famílias e o aumento dos custos de atividade das empresas. São exemplo disso o aumento de bens tão essenciais como é o preço dos combustíveis ou do gás, da eletricidade ou até o preço dos cereais que tem muito mais impacto na nossa região do que aquilo que se possa imaginar dada a dimensão do nosso setor agroalimentar.

Com todas estas previsões e com todo o diagnóstico realizado, aquilo que se exigia dos Governos era a criação de mecanismos que preparassem a economia para estes impactos. Mas, a verdade é que isso não foi feito nos Açores e agora vamos correr atrás do prejuízo.

Aquando da discussão do último Plano e Orçamento dos Açores, ainda não se ouvia falar em guerra, o atual Governo Regional foi amplamente alertado para a necessidade de se preparar o documento para esta nova realidade que iriamos atravessar e a verdade é que estes alertas foram ignorados na mesma proporção.

E agora?! E agora o que temos são as graves consequências da guerra associadas a uma retoma difícil da economia depois do período pandémico. E o Governo dos Açores está preparado? Claro que não! Quem não se preparou para uma retoma difícil, estará muito menos preparado para o impacto que a guerra trará às nossas vidas.

Já o disse e volto a dizê-lo: o tempo é de fazer diferente até porque as circunstâncias exigem que se faça diferente. Mas, infelizmente para todos nós, o atual Governo dos Açores já chegou tarde a este assunto.

(Crónica escrita para Rádio)