Opinião

O que diria Bastos e Silva?

Um dos dados utilizados ao longo dos anos para desmerecer as governações socialistas eram os valores da dívida pública da Região. Por toda a oposição era normal dizer-se que os governos socialistas iam aumentando a dívida e que isso seria critico para as gerações futuras.

Mas, não era só a oposição que fazia estas críticas em tons de alertas falaciosos. Elas também eram feitas, e parece-me muito relevante lembrar, pelo atual responsável das finanças na Região quando era comentador político na nossa televisão açoriana.

Caros ouvintes, uma boa forma de medir a dívida de um País ou de uma Região é podermos analisar qual o seu peso real no PIB e até a própria União Europeia usa esta relação para aferir a evolução das finanças públicas tendo como referência máxima os 60%. Ou seja, o montante da dívida pública não deve exceder os 60% do PIB.

É com essa informação que se deve analisar as dívidas públicas porque, independentemente do valor da dívida aumentar, se este aumento for acompanhado por um crescimento económico e consequente crescimento do PIB, este aumento da dívida dilui-se, e era isso que estava a acontecer nos Açores até 2020.

Havia um crescimento económico que permitia que a Região pudesse aumentar a dívida de forma cautelosa nunca excedendo a referência europeia dos 60% do PIB. Era um aumento sustentável que se traduzia no investimento público necessário por todas as nossas ilhas e que está à vista de todos.

Mas isso agora acabou. O atual governo, num só ano, aumentou a dívida da Região em 12% e ultrapassou pela primeira vez o valor de referência europeu dos 60% do PIB. Nunca tinha acontecido, e se antes falavam do peso negativo que a divida teria nas gerações futuras, o que dirão eles próprios sobre a situação atual em que já nos encontramos? O que diria até o comentador Bastos e Silva se este marco negativo da história das finanças regionais fosse atingido por um governo do PS e não por um governo onde ele próprio é o responsável por esta área? É preocupante, mas parece-me que não teremos respostas a estas questões.

 

(Crónica escrita para Rádio)