Opinião

Remodelação Governativa

A remodelação governativa é o tema que ocupa por estes dias a agenda política nos Açores.

Esta remodelação está ferida politicamente por duas razões: chega a reboque de pressões internas e externas e por fragilizar o presidente do governo.

Desde junho de 2021 que o Presidente do Governo está a ser pressionado para remodelar o governo. Era sobejamente vista a inadequação dos agora substituídos à exigente tarefa de governar, da gestão política e comunicacional. Com a trapalhada das agendas mobilizadoras e do porto espacial, agudizou-se a inadequação.

José Manuel Bolieiro esperou, esperou e esperou, até ser confrontado, pela segunda vez, com a retirada de apoio do CHEGA. É, por este motivo, também um presidente fragilizado pela demora nas decisões.

Duarte Freitas, deixa uma secretaria e áreas onde tem delineada uma estratégia e é um dos melhores secretários deste governo. Perde e muito a formação profissional e o emprego com a nova titular que dificilmente estará ao nível de responder às exigências dessas áreas. A passagem de Duarte Freitas para as áreas até agora ocupadas por Bastos e Silva, trará um novo fôlego à economia (assim espero).

Berta Cabral, é uma política experiente, se por um lado representa uma opção para um elenco governativo mais político, por outro lado é um péssimo sinal de um Governo a quem poucos se querem vincular e a que se acrescenta a ausência de quadros políticos no PSD, CDS ou PPM. A forma como as áreas da Ciência e Transição Digital estão a ser tratadas é uma enorme preocupação, contrariamente ao que pode parecer ser a “valorização na estrutura governativa”.

Esta alteração do número de secretarias e de protagonistas ao fim de 15 meses da tomada de posse por parte de partidos que há mais de 24 anos dizem-se preparados para governar, é um sinal, salvo raras exceções de alguns secretários, de que afinal não estavam preparados para assumir a governação dos Açores.

A posição assumida pelos partidos que integram o Governo de que este é um “Governo mais coeso” é uma anedota que os Açorianos com certeza dispensam. O que era ótimo há um mês agora afinal precisava de mais coesão. Esta ausência de crítica interna nos partidos fragiliza a democracia e empobrece a sociedade açoriana. Na nossa “família partidária” nem sempre tudo está bem e é necessária frontalidade e coragem de o dizer, seja quais forem os riscos. O PSD/Açores precisa hoje de praticar a frase de Sá Carneiro “A política sem risco é uma chatice e sem ética uma vergonha”.

Hoje em vez da Remodelação governativa ser o tema político, o que deveria ser notícia é de uma economia dinamizada pelas candidaturas a investimentos privados, qual a visão para combater os efeitos conjunturais que creio serão estruturais da Guerra Ucrânia - Rússia, um sistema educativo e de formação profissional com modificações estratégicas e uma região mobilizada para a transição digital e energética.